Telescópio espacial Herschel fecha os olhos

Ao fim de quase quatro anos de actividade, o telescópio espacial que observava os objectos mais frios do Universo deixou de ver.

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O telescópio Herschel com a região de nascimento de estrelas Vela C em fundo ESA

Segundo a ESA, esgotou-se o refrigerante “essencial para arrefecer os instrumentos para perto do zero absoluto”. Este refrigerante, hélio líquido, permitiu fazer observações “altamente sensíveis” de regiões do Universo muito frias.

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Segundo a ESA, esgotou-se o refrigerante “essencial para arrefecer os instrumentos para perto do zero absoluto”. Este refrigerante, hélio líquido, permitiu fazer observações “altamente sensíveis” de regiões do Universo muito frias.

O telescópio foi lançado com uma reserva de 2.300 litros de hélio, que se foi lentamente evaporando até se esgotar ao fim de quase quatro anos. Estava previsto que o composto acabasse em Março deste ano, mas só agora é que se registou uma “clara subida das temperaturas” em todos os instrumentos do observatório, revela a ESA.

Os objectos que o Herschel observava estão a temperaturas entre os 268 e 223 graus Celsius negativos, muito perto do zero absoluto (273 graus negativos). Apesar de frios, estes objectos emitem energia em comprimentos de onda que estão na zona mais distante dos infravermelhos.

O enorme espelho do Herschel, com 3,5 metros de diâmetro, captava estas ondas entre os 55 e 672 micrómetros. Mas os instrumentos tinham de estar a poucas décimas acima do zero absoluto para a radiação emitida pelo próprio calor do aparelho não se confundir com as ondas electromagnéticas que vêm do cosmos.

O Herschel “superou as expectativas, oferecendo um tesouro incrível de informações que vai manter os astrónomos ocupados nos próximos anos”, defende Alvaro Gimenez Canete, o director de Ciência e Exploração Robótica da ESA

Desde o seu lançamento, o aparelho realizou cerca de 35 mil observações e reuniu mais de 25 mil horas de investigação científica, contribuindo para o enriquecimento do conjunto de dados desta agência.

Goran Pilbratt, cientista deste projecto, anunciou que Herschel ofereceu “um novo ponto de vista escondido do Universo, apontando para um processo previamente despercebido do nascimento de estrelas e a formação das galáxias”. Pibratt também explicou que o telescópio espacial permitiu “seguir a água através do Universo, desde nuvens moleculares a estrelas recém-nascidas”.

O Herschel permitiu captar imagens como as “impressionantes redes de filamentos de poeira e gás” dentro da Via Láctea e ajudou a “ilustrar a história da formação das estrelas”.