David Bowie quebra silêncio sobre novo álbum com 42 palavras

Bowie não falou à imprensa sobre o seu novo disco, o primeiro depois de dez anos de silêncio. Mas agora enviou 42 palavras que representam o seu trabalho em The Next Day ao escritor Rick Moody.

Foto
Bowie quebra o silêncio sobre o novo álbum DR

E são palavras como “violência”, “anarquista”, “vampírico”, mas também “osmose” ou “interface”, que saíram da pena de Bowie para as mãos de Rick Moody – autor de, entre outras obras, The Ice Storm (1994), adaptado ao cinema por Ang Lee em 1997. Para Moody, The Next Day é a “obra-prima improvável da canção popular recente, o melhor álbum por um artista de rock clássico jubilado em muitos, muitos anos”. E o escritor, homem de palavras, precisava de saber em que pensava Bowie quando pensava em The Next Day, apesar de respeitar o silêncio do músico - “o silêncio é parte da obra, a obra fora isso está completa, da mesma forma que está completa em Thomas Pynchon e da forma como estava completa em J. D. Salinger”, escreveu na revista literária online The Rumpus.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

E são palavras como “violência”, “anarquista”, “vampírico”, mas também “osmose” ou “interface”, que saíram da pena de Bowie para as mãos de Rick Moody – autor de, entre outras obras, The Ice Storm (1994), adaptado ao cinema por Ang Lee em 1997. Para Moody, The Next Day é a “obra-prima improvável da canção popular recente, o melhor álbum por um artista de rock clássico jubilado em muitos, muitos anos”. E o escritor, homem de palavras, precisava de saber em que pensava Bowie quando pensava em The Next Day, apesar de respeitar o silêncio do músico - “o silêncio é parte da obra, a obra fora isso está completa, da mesma forma que está completa em Thomas Pynchon e da forma como estava completa em J. D. Salinger”, escreveu na revista literária online The Rumpus.

Ora Bowie pensava em “efígies”, em “indulgências”, em “identidade”, em “Mauer”, em “refém”, mas também em “miasma”, “urbano”, num “traidor”, num “deslize” ou em “nervo”. A paisagem de Bowie e The Next Day parece “esvoaçante”, mas está cheia de “intimidação”, “transferência”, “cruzada” e “vingança”, talvez vinda das “succubus” e do “diabólico” [de “chthonic”], contaminada pela “indiferença” e com vontade de que o “texto” seja o “oposto”, “trágico” até, da “dominação”.

Para Rick Moody, Bowie é “um artista conceptual”, “que tem de lançar o álbum certo na altura certa”, perfeitamente entrelaçado com “a cultura e a história”.  A lista chegou-lhe por uma ordem não alfabética, a cheirar a instinto, e sem comentários adicionais. E depois de a centrar na página e de associar brevemente chtonic, por exemplo, à angioplastia de Bowie em 2004 e à presença da morte em quase todas as canções de The Next Day, o escritor lança-se num elogio do álbum a partir de cada palavra debitada pelo ícone.

Aqui fica o léxico de The Next Day, o álbum de David Bowie nas suas próprias 42 palavras (e com traduções possíveis em português no caso de múltiplos significados).

 Efígies

Indulgências

Anarquista

Violência

Chtonic (diabólico, espíritos do submundo)

Intimidação

Vampírico

Panteão

Succubus (entidades sobrenaturais, tentadoras, que segundo as lendas interferem nos sonhos)

Refém

Transferência

Identidade

Mauer (em alemão, muro)

Interface

Esvoaçante

Isolamento

Vingança

Osmose

Cruzada

Tirano

Dominação

Indiferença

Miasma

Pressgang (várias acepções, como coacção, que remete para "pressão de grupo")

Deslocado

Flight (fuga, vôo)

Restabelecimento

Fúnebre

Glide (deslizar, escorregar)

Trace (vestígio, procurar)

Balcânico

Enterro

Reverse (oposto, contratempo, anular)

Manipular

Origem

Texto

Traidor

Urbano

Réplica

Trágico

Nerve (nervo, coragem)

Mistificação