O Frágil Som do Meu Motor

Andam a faltar muitas coisas ao cinema português que se faz hoje em dia; não faltou vontade a Leonardo António, que partiu para esta longa em tom de serial thriller sem apoios nem subsídios, mas faltou-lhe um produtor que lhe dissesse que O Frágil Som do Meu Motor não estava em condições de chegar à sala.

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Andam a faltar muitas coisas ao cinema português que se faz hoje em dia; não faltou vontade a Leonardo António, que partiu para esta longa em tom de serial thriller sem apoios nem subsídios, mas faltou-lhe um produtor que lhe dissesse que O Frágil Som do Meu Motor não estava em condições de chegar à sala.


A segurança que o cineasta demonstra ter em termos puramente técnicos (e que não é, diga-se desde já, nada de deitar para fora) não chega para fazer sentido de um guião disforme e empolado onde uma enfermeira armada em detective dá por si seduzida por um estranho que pode ser o assassino em série procurado pelo melhor amigo, e que perde tempo às voltas com pistas que nunca vão a lado nenhum para resolver tudo à pressa nos últimos dez minutos. Some-se-lhe uma ausência total de ritmo (duas horas e dez de duração porquê?) e um par de ideias francamente infelizes, e o que daqui sai é mais um dos equívocos em que o desejo urgente de cinema de alguns jovens realizadores tem tendência para se atolar. E não conseguimos evitar pensar que, enquanto “isto” chega a sala, Guerra Civil de Pedro Caldas ou Em Segunda Mão de Catarina Ruivo continuam na prateleira...