Duas bombas em Boston provocam três mortos e mais de 100 feridos

Explosões ocorreram junto à linha de chegada da maratona. Autoridades estão a questionar várias pessoas mas ainda não fizeram detenções.

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Segundo jornais locais, um dos mortos confirmados é uma criança de oito anos. Dos 110 feridos e internados em diferentes hospitais da cidade, pelo menos seis estão em estado grave.

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Segundo jornais locais, um dos mortos confirmados é uma criança de oito anos. Dos 110 feridos e internados em diferentes hospitais da cidade, pelo menos seis estão em estado grave.

A polícia de Boston chegou a avançar que tinha havido uma terceira explosão na biblioteca John F. Kennedy, a cerca de 4,8 quilómetros das duas explosões junto à chegada da maratona, sem causar feridos, mas concluiu entretanto que se tratou apenas de um incêndio.

Segundo explicou o chefe da polícia de Boston, os dois engenhos deflagraram quase em simultâneo às 14h50 locais, separados por 50 a 100 metros um do outro. As duas explosões foram provocadas por “engenhos poderosos”, disse Edward F. Davis. “Estamos a questionar várias pessoas mas não há nenhum suspeito detido”, esclareceu numa conferência de imprensa.

Davis não chamou às explosões um ataque terrorista; disse "vocês podem tirar as vossas próprias conclusões sobre o que aconteceu aqui", quando isso lhe foi perguntado.

O que se sabe é que o ataque foi coordenado. E que as explosões aconteceram quando os principais atletas já tinham cortado a meta há hora e meia. O primeiro engenho explodiu no meio da assistência quando o relógio da maratona marcava 4 horas, 9 minutos e 43 segundos.

Eric Giandelone contou ao diário Los Angeles Times que tinha acabado a corrida e estava a beber um café e a ver os outros corredores a cruzar a meta quando ouviu uma explosão muito forte. “Olhei e só vi destroços a voarem”, diz Giandelone, 34 anos. Os corredores e os espectadores estavam a afastar-se da linha da meta quando a segunda explosão aconteceu, descreve Giandelone. “Havia pessoas sem pernas e sem braços, sim”, diz. “Vi mais pessoas feridas da segunda explosão porque as pessoas estavam a fugir naquela direcção”.

Há muitas imagens captadas por espectadores que tinham os seus telemóveis ou máquinas fotográficas apontados à corrida. As primeiras imagens da explosão mostram como aconteceu a poucos metros da linha de chegada, na rua Boylston, o coração da cidade, atrás das barreiras que delimitam a corrida do público. Um corredor é projectado para o chão com o abalo.

Um vídeo publicado no site do jornal Boston Globe mostra a cena uns instantes mais tarde. Há muita gente a gritar e uma nuvem de fumo negra; 12 segundos depois da primeira explosão, acontece a segunda, um quarteirão atrás.

"Oh meu Deus, oh, meu Deus", ouve-se lamentar o videasta.

Outros engenhos na cidade
As autoridades cortaram o acesso ao local de imediato e os feridos foram assistidos no local. Fotos partilhadas nas redes sociais mostram grande confusão na zona de chegada dos atletas, sendo visível muito sangue no chão. Três hotéis, o Mandarin, o Marriott e o Lenox foram evacuados. Nos outros hotéis da cidade as ordens foram para não deixar ninguém sair.

A Administração Federal da Aviação impôs uma zona de exclusão aérea na zona e encerrou o aeroporto, ao mesmo tempo que pedia às pessoas para permanecerem em casa e aos restaurantes e lojas na zona das explosões para encerrarem. E o nível de segurança marítima subiu de 1 para dois (três é o mais alto). "Estamos a tratar isto como um acontecimento em aberto", disse o chefe da polícia.

Sabe-se que as autoridades encontraram mais engenhos explosivos nas imediações do local, mas também um em Newton, fora de Boston, escreve o New York Times. A polícia fez explodir pelo menos um dessas bombas na rua Boylston.

Segurança reforçada em Washington
Em Nova Iorque, as autoridades reforçaram a segurança em vários locais, incluindo hotéis e monumentos. Em Washington, um porta-voz da polícia disse à Reuters que a segurança na capital norte-americana foi também reforçada. Mas não há ameaças específicas contra a capital: “Temos estado a monitorizar a situação em Boston e quaisquer possíveis consequências para a zona desde que este trágico incidente aconteceu”, disse o mayor, Vicent Gray, num comunicado. “Apesar de não existir neste momento nenhuma informação sobre ameaças credíveis contra a nossa região, temos planos para lidar com este tipo de situações”.

Los Angeles e São Francisco também subiram os seus alertas de segurança.

Antes de falar aos norte-americanos para lhes garantir que as autoridades vão “descobrir quem fez isto e porquê” e que “o responsável ou responsáveis sentirão todo o peso da justiça”, Barack Obama telefonou ao mayor de Boston, Tom Menino, e ao governador do Massachusetts,  Deval Patrick, oferecendo-lhes toda a assistência da Casa Branca, e ouviu as informações disponíveis sobre "a investigação e a resposta ao incidente em Boston" pela voz do director do FBI, Robert Mueller, e da secretária da Segurança Interna, Janet Napolitano.

"As nossas orações estão com aquelas pessoas que foram feridas em Boston", disse o vice-presidente, Joe Biden.

Esta edição da maratona de Boston teve a participação da portuguesa Ana Dulce Felix, que terminou no nono lugar. Estavam 25 mil atletas registados.