Um aquecimento dentro do aquecimento na primeira noite do Warm-up Paredes de Coura

Os No Age atiraram-se aos braços do público, que antes ouviu a pop dos Everything Everything, o indie dos The Wedding Present, o rock dos Veronica Falls e o português dos Capitão Fausto

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Sem serem brilhantes (como foram, por exemplo, na edição de 2011 do festival de Paredes de Coura), os No Age deram, sexta-feira, na Praça D. João I, no Porto, mais algumas razões para acreditar no futuro (no presente) desta coisa chamada “rock ’n’ roll". Trazem a agressão e a economia de meios dos dias dourados do hardcore americano para um mundo em que o estranho se tornou norma – desta maneira, trocaram as voltas ao hardcore e ao estranho (são deliciosamente inclassificáveis).

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Sem serem brilhantes (como foram, por exemplo, na edição de 2011 do festival de Paredes de Coura), os No Age deram, sexta-feira, na Praça D. João I, no Porto, mais algumas razões para acreditar no futuro (no presente) desta coisa chamada “rock ’n’ roll". Trazem a agressão e a economia de meios dos dias dourados do hardcore americano para um mundo em que o estranho se tornou norma – desta maneira, trocaram as voltas ao hardcore e ao estranho (são deliciosamente inclassificáveis).

Para o Porto, o duo de Los Angeles levou canções novas, mas exagerou na dose. A maioria dos novos temas não funcionou da melhor maneira em palco, a que não serão inocentes as condições acústicas pouco cristalinas que prejudicaram vários concertos da noite. Ouvimos uma canção que lembra o que fariam os Hüsker Dü se despedissem o baterista e se ficassem por uma bateria pré-gravada em regime de serviços mínimos. Melhor foi Fever Dreaming (2010), pancadaria punk rock num pesadelo shoegaze. O povo das primeiras filas gostou e respondeu com mosh.

Antes, os Everything Everything fizeram algo radicalmente diferente. Se os No Age são o exemplo acabado de como três acordes bastam para fazer uma cantiga (e, com sorte, mudar algumas vidas), os britânicos preferem atirar a todo o lado.

Sabem fazer muitas coisas: pilhar as piruetas vocais dos Vampire Weekend (algo evidente em Cough Cough, um dos singles do último álbum, que abriu o concerto), mesmo que sem a graça dos nova-iorquinos; manusear o ritmo; evocar os teclados 80’s que a chillwave recuperou e relegitimou; meter guitarras funk branco no meio desta salada. Sabem fazer isto tudo, mas não sabem ainda muito bem o que fazer com tantas ideias. No máximo, conseguem produzir canções pop eficazes, mas esquecíveis.

A noite teve ainda uma viagem ao indie rock clássico dos históricos ingleses The Wedding Present (duas guitarras, uma fobia saudável aos solos, rock depurado de artifícios, que passou despercebido para a maioria dos presentes), o rock certinho dos Veronica Falls e, na abertura, ainda com o sol a mostrar-se fora da tenda, os portugueses Capitão Fausto a dar bons sinais para o futuro.

Uma noite que foi um aquecimento num aquecimento: talvez este sábado, com Omar Souleyman e Lee Ranaldo em destaque, o Warm-up seja mais proveitoso.