Morreu a bailarina Maria Tallchief, musa de Balanchine

Grande nome do bailado dos Estados Unidos, Tallchief está para os EUA como Margot Fonteyn para Inglaterra

Foto
Maria Tallchief morreu aos 88 anos Mark Theiler/Reuters

 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

 

Maria Tallchief – cuja morte foi anunciada pela família, na sexta-feira – nasceu a 24 de Janeiro de 1925 no seio da tribo Osage, em Fairfax, Oklahoma, filha de pai índio nativo americano e mãe de origem irlando-escocesa. Começou a estudar bailado desde cedo, com a sua irmã Marjorie. E continuou a fazê-lo quando, aos oito anos, se mudou com a família para Los Angeles. Aqui teve como mestres, entre outros, a irmã do famoso Vaslav Nijinsky, Bronislava. Aos 17 anos, Maria Tallchief atravessa pela primeira vez o Atlântico, para ingressar no Ballet Russo de Monte-Carlo, onde depressa se tornou uma das principais solistas da companhia.

O encontro com George Balanchine aconteceu nessa altura e em 1946 Tallchief casa-se mesmo com o grande coreógrafo russo, mais velho que ela 21 anos. Acompanha-o, no ano seguinte, no ingresso na Ópera de Paris, mas logo em 1948 regressa com ele aos Estados Unidos, onde ambos se dedicam à fundação do New York City Ballet.

Maria Tallchief torna-se a protagonista de Pássaro de Fogo, de Stravinsky, a rainha de O Lago dos Cisnes e a fada de O Quebra-Nozes, ambos de Tchaikovsky, a Eurídice de Orfeu, sempre sob a direcção do seu marido – de quem viria a divorciar-se em 1950.

Apesar da separação, Maria Tallchief manteve-se no New York City Ballet até meados da década de 1960, tendo paralelamente trabalhado como bailarina convidada em companhias como o American Ballet Theatre, de novo o Ballet Russo de Monte Carlo, ou o Ballet da Ópera de Hamburgo, em 1965, ano em que decidiu abandonar os palcos. Mas isso não significou o abandono do mundo do bailado. Em 1981, Maria Tallchief fundou, com a sua irmã Marjorie, o Chicago City Ballet, que dirigiu durante seis anos.

Sobre a carreira de Maria Tallchief, o bailarino e coreógrafo americano Jacques d’Amboise, em declarações ao The New York Times, comparou-a aos nomes das grandes estrelas Margot Fonteyn e Galina Ulanova. “Quando pensamos no ballet russo, ele é Ulanova; no ballet britânico, é Fonteyn; no ballet americano, é Tallchief. Ela foi grande entre as maiores.”

No momento do anúncio da morte de Maria Tallchief, a sua filha, a poeta Elise Paschen, declarou, em comunicado citado pela AFP: “A minha mãe era uma lenda do ballet, e tinha orgulho na sua origem índia. O seu dinamismo iluminava a cena. A sua paixão, o seu comprometimento com a sua arte e a sua devoção à família vão-me fazer muita falta. Ela colocou a barreira muito alta, procurava sempre a excelência em tudo o que fazia”.