Cantor de Braga tem nova editora após polémica com o “grilo da Zirinha”

Enquanto decorre o julgamento que opõe o cantor à vizinha, chamada Alzira, João Miguel da Costa já prepara outro tema sobre "o peixinho da Maria".

“Com as entrevistas que dei em todo o lado, apareceu-me uma nova editora, que vai divulgar melhor os meus discos”, afirmou o artista, no tribunal de Braga, antes da audiência do julgamento.

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“Com as entrevistas que dei em todo o lado, apareceu-me uma nova editora, que vai divulgar melhor os meus discos”, afirmou o artista, no tribunal de Braga, antes da audiência do julgamento.

O homem, que é distribuidor de bebidas e cantor nos tempos livres, foi processado por uma empresária da freguesia de Padim da Graça, vizinha do cantor, chamada Alzira. A queixosa – casada, mãe de dois filhos e avó – alega que a canção Cacei o grilo a tornou alvo de chacota na aldeia e que isso lhe provocou problemas de saúde. Pede, por isso, uma indemnização de 6000 euros, alegando que o tema insinua que os dois “tiveram um caso amoroso”.

Na audiência que decorreu nesta quarta-feira, uma vizinha da mulher disse que, desde que a música foi lançada, ela “nunca mais teve sossego, está sempre com depressões, sempre doente, sempre a chorar”. De resto, na primeira sessão do julgamento a mulher desmaiou e teve mesmo de ser assistida pelo INEM quando o juiz do processo deu ordens para que pusessem a música a tocar. Nesta quarta-feira, a queixosa nem compareceu no tribunal.

A vizinha sublinhou ainda que, em Padim, aquela é a única Zirinha que conhece e garantiu que, desde que a música ficou conhecida, a vizinha “andou no trombone de toda a freguesia”.

A canção começa com os versos “Vi o grilo à Zirinha, dava gosto para ele olhar. E eu pedi à Zirinha para me deixar tocar”, e prossegue com outros trocadilhos, ao estilo da música “pimba”.

Na primeira audiência, o cantor negou a intenção de difamar a vizinha, com quem dizia manter uma relação de amizade, e defendeu-se dizendo que “há outras Alziras na freguesia”. Padim da Graça é uma localidade com apenas 1500 habitantes e três quilómetros quadrados. O caso deu que falar e até o presidente da junta de freguesia, João Moreira, deu razão à queixosa. Alzira “é uma pessoa séria, respeitada, com dois filhos” e que, por isso, “tem toda a razão” ao dizer-se ofendida pela cantiga, afirmou o autarca ao PÚBLICO.

Agora, Miguel da Costa prepara-se para lançar um novo CD com um tema sobre o “peixinho da Maria”. “Estou para ver qual será agora a Maria de Padim da Graça que me vai processar”, referiu, com ironia.

As alegações finais do julgamento estão marcadas para 18 de Abril.