Defensores e opositores do casamento gay contentes com primeiro dia no Supremo

Sessão do tribunal mostra divisões dos juízes. Para já, todos pensam que vão vencer.

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Discussão de pontos de vista opostos sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo à porta do Supremo Saul Loeb/AFP

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Artigos na imprensa norte-americana apontavam a polarização do tribunal, e a apreciação dos activistas parecia sublinhá-la. "Acho que vamos vencer", dizia Andy Pugno, defensor da Proposition 8, que foi aprovada na Califórnia nas eleições de 2008 e ditava a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo no estado. "Os juízes colocaram boas questões, ponderadas, e conseguimos dizer tudo o que queríamos em tribunal", declarou ao Los Angeles Times. "Um dos juízes disse que isto é algo mais recente do que os telemóveis e a Internet e questionou se seria algo que o tribunal deveria decidir à pressa."

O outro lado mostrou-se igualmente confiante de que a sessão tinha corrido bem para os defensores da reversão da Proposition 8. Jon Davidson, director de uma organização de defesa de direitos de homossexuais, Lambda Group, sublinhou um momento que classificou como decisivo: quando um dos juízes perguntou a um advogado defensor da Proposition 8, Charles Cooper, se havia uma base racional para tratar de modo diferente homossexuais em qualquer área, como emprego, que não o casamento. Cooper disse que não. 

 


Mudança na opinião pública


A mudança na opinião pública em relação à questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma das maiores, e mais rápidas, em qualquer questão da última década, diz o
Los Angeles Times.

Uma sondagem do instituto Pew mostra que um em cada sete americanos tinham mudado de opinião em relação ao assunto, a maioria de uma posição contra para a favor. A maioria deu como razão para a mudança o ter um amigo ou familiar homossexual.

Nos Estados Unidos, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é agora permitido em nove estados e em Washington DC, e vários estados deverão votar medidas para o permitir ainda este ano. No entanto, diz o New York Times, esta mudança dá argumentos tanto aos defensores como aos opositores da reversão da Proposition 8.

Os que desafiam a proibição pedem ao tribunal que tenha uma atitude de liderança representando esta mudança na opinião pública. Os que defendem a medida dizem que o facto de haver mais estados a aprovar o casamento gay significa que o processo democrático está a funcionar e o tribunal não deveria interferir.

E os próprios juízes questionaram se deveriam mesmo estar a decidir acerca do caso, como Anthony M. Kennedy, um dos juízes ouvidos com mais atenção, já que, nota o Washington Post, deverá ser dele o voto crucial. O juiz expressou compreensão pelos filhos dos casais gay, lembrando que há "cerca de 40 mil crianças que vivem com pais do mesmo sexo", e que "querem que os pais tenham pleno reconhecimento e estatuto". Mas também foi Kennedy a levantar a questão da incerteza das consequências de algo muito novo: "São cinco anos de informação [em que há casamento de casais homossexuais] contra 2000 anos de História."