Casa da directora do FMI em Paris alvo de buscas

Nas investigações ao "caso Tapie", Lagarde é suspeita de desvio de fundos públicos.

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Lisi Niesner/Reuters

As buscas foram confirmadas pelo advogado de Lagarde em declarações à Reuters. “Lagarde não tem nada a esconder. Estas buscas vão ajudar a descobrir a verdade, o que contribuirá para que a minha cliente fique isenta de qualquer responsabilidade penal”, disse Yves Repique à agência noticiosa.

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As buscas foram confirmadas pelo advogado de Lagarde em declarações à Reuters. “Lagarde não tem nada a esconder. Estas buscas vão ajudar a descobrir a verdade, o que contribuirá para que a minha cliente fique isenta de qualquer responsabilidade penal”, disse Yves Repique à agência noticiosa.

O caso em investigação começou há mais de 20 anos, com a venda litigiosa da Adidas pelo Crédit Lyonnais. O empresário Bernard Tapie, proprietário da marca de equipamento desportivo, diz ter sido lesado pelo banco na venda e recorreu para tribunal.

Enquanto ministra da Economia de Sarkozy (2007-2011), Lagarde terá decidido que o processo ficasse sob a responsabilidade de um tribunal arbitral, uma instituição que apenas tem competências para resolver litígios comerciais e procurar obter compromissos entre as partes. Em 2008, a estrutura pública que geria o passivo do Crédit Lyonnais foi condenada pelo tribunal arbitral, uma instância sem poder decisório, a pagar uma indemnização de 295 milhões de euros a Bernard Tapie. O escândalo rebentou em França depois de se ter confirmado que a decisão final tinha saído de um tribunal arbitral e que tinham sido dinheiros públicos a pagar a indemnização multimilionária. A justiça francesa decidiu abrir uma investigação para apurar se o caso de arbitragem terá lesado o Estado.

Desde que o seu nome surgiu associado à investigação do "caso Tapie", Christine Lagarde negou qualquer irregularidade no processo e considerou “absurdas” as acusações que lhe foram feitas. Tornados públicos dados sobre o caso, foi pedida a demissão de Lagarde da direcção do FMI em 2011, ano em que substituiu Dominique Strauss-Kahn no cargo e em que foi confirmado que iria ser investigada por desvio de fundos públicos e abuso de autoridade na referida arbitragem. Lagarde afastou sempre a possibilidade de demitir-se.

Além da residência de Lagarde, desde o início das investigações foram realizadas buscas ao gabinete do antigo secretário-geral do Eliseu Claude Guéant, à casa de Bernard Tapie e de Stéphane Richard, director do gabinete de Lagarde aquando da arbitragem do processo.

O FMI recusou comentar as buscas realizadas à residência da sua directora-geral, limitando-se a manifestar a sua "confiança" em Lagarde. "Não é apropriado comentar um assunto que ainda está nas mãos da justiça francesa", disse o porta-voz do FMI, Gerry Rice, num comunicado citado pela AFP.

Notícia actualizada às 15h16: acrescenta comunicado do FMI sobre buscas.