Câmara de Lisboa garante recuperação do quiosque da Estrela na medida do possível
Presidente da Junta da Lapa continua "preocupado" com futuro do quiosque centenário, que tem servido de lixeira.
O quiosque era propriedade privada e estava há cerca de 20 anos preso num processo de partilhas. Desde então, transformou-se num local imundo, usado como lixeira, onde um sem-abrigo procurava refúgio. Em Novembro do ano passado, a Câmara de Lisboa tomou posse administrativa do imóvel e prometeu lançar um concurso para a sua exploração. Até agora, porém, nada foi feito.
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O quiosque era propriedade privada e estava há cerca de 20 anos preso num processo de partilhas. Desde então, transformou-se num local imundo, usado como lixeira, onde um sem-abrigo procurava refúgio. Em Novembro do ano passado, a Câmara de Lisboa tomou posse administrativa do imóvel e prometeu lançar um concurso para a sua exploração. Até agora, porém, nada foi feito.
O presidente da Junta de Freguesia da Lapa, Nuno Ferro, foi recentemente informado pelo gabinete do vereador do Espaço Público, José Sá Fernandes, de que a câmara iria proceder “em breve à retirada temporária do quiosque”, com vista à “preservação dos elementos arquitectónicos de maior interesse”.
“Eles dizem que vão tentar recuperar o que for possível. Mas não dizem que o que não for possível recuperar, quem ganhar [o concurso] terá de colocar tal e qual como está”, critica Nuno Ferro.
Contactado pelo PÚBLICO, o assessor de imprensa do vereador confirmou que a câmara vai retirar o quiosque do local “por questões de segurança”. Apesar de ainda não ter sido definido o caderno de encargos para a reabilitação e exploração do imóvel, a autarquia garante que o objectivo “é manter a traça original” e que “será recuperado tudo o que for possível, para depois voltar a ser colocado no mesmo local”, à semelhança do que aconteceu com os quiosques do Largo de Camões, da Praça das Flores e do Príncipe Real. Não diz o que acontecerá com o que não for recuperável.
“É prematuro avançar com uma previsão” sobre quando poderá avançar esta intervenção, mas “vai decorrer o quanto antes”, afirma o assessor de José Sá Fernandes.
Nuno Ferro não se contenta com esta garantia verbal. “Sem um compromisso escrito de que vão repor o quiosque tal e qual como ele era, independentemente de ser com peças reconstruídas ou reparadas de novo, nunca mais voltará a ser como dantes”, considera.
Com 104 anos, o quiosque da Estrela é um exemplar único de Arte Nova na capital, construído em ferro forjado, com uma cobertura de zinco em forma de escamas, e elementos rendilhados. Está situado numa zona nobre da cidade: pode ser observado do emblemático eléctrico 28, que todos os anos transporta milhares de turistas, e fica ao lado da Basílica da Estrela, perto do Jardim da Estrela.
O primeiro alerta da Junta de Freguesia à Câmara data de Novembro de 2007. Nuno Ferro propunha a reabilitação do quiosque centenário ou a colocação de um novo, onde poderia ser vendida, por exemplo, a tradicional ginginha.
A Câmara não adianta pormenores sobre os moldes em que será explorado o quiosque. Diz apenas que estará em sintonia com a “estratégia” que o gabinete de Sá Fernandes tem seguido para recuperar e revitalizar os quiosques da cidade.
“Não percebo qual é a dificuldade em dizer o que vai acontecer com o quiosque. Se vai ser reposto na íntegra, se é a 5% ou a 50%, mas pelo menos a Câmara que diga”, remata Nuno Ferro.