Freitas do Amaral defende que Sócrates já devia ter assumido culpas na crise

O fundador do CDS, que foi ministro de Sócrates, diz que alertou ex-primeiro ministro na altura.

Foto
Freitas do Amaral DR

Em entrevista ao Diário Económico na edição desta terça-feira, quando questionado sobre se José Sócrates devia - tal como o antigo primetiro-ministro António Guterres (PS) - ter feito um ‘mea culpa’ sobre a sua responsabilidade no estado do país, Freitas do Amaral afirmou: “Já, mas não está no feitio dele”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Em entrevista ao Diário Económico na edição desta terça-feira, quando questionado sobre se José Sócrates devia - tal como o antigo primetiro-ministro António Guterres (PS) - ter feito um ‘mea culpa’ sobre a sua responsabilidade no estado do país, Freitas do Amaral afirmou: “Já, mas não está no feitio dele”.

Diogo Freitas do Amaral foi ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro Governo de José Sócrates (2005-2009). O fundador do CDS pediu a exoneração do cargo em Junho de 2006, por motivos de saúde, tendo sido substituído por Luís Amado.

Na entrevista, Freitas do Amaral refere que, já depois de ter deixado o Governo, disse a José Sócrates que este “não estava a tomar as medidas necessárias e que Portugal estava a afundar, mas ele não quis acreditar”.

Ao Diário Económico, Freitas do Amaral deixa também criticas ao actual executivo de aliança entre o PSD e o CDS-PP, liderado por Pedro Passos Coelho (PSD). “A sensação é que este Governo é mais troikista que a troika”, afirmou, defendendo que o executivo aproveitou o acordo com os financiadores internacionais para ir “mais além do que era imposto, quando o que se devia era fazer uma interpretação do memorando que permitisse executá-lo pela forma menos prejudicial ao povo”.

Freitas do Amaral defende que Portugal tem de negociar o período posterior à troika, acrescentando que o Governo devia estar já a falar com o presidente do Banco Central Europeu.

O fundador do CDS vê a manifestação de 2 de Março como um retrato da “insatisfação geral do país”. No sábado, milhares de pessoas saíram à rua em mais de 40 cidades portuguesas e no estrangeiro a propósito da manifestação organizada pelo movimento “Que se lixe a troika”. Perante isto, Freitas do Amaral considera que o Governo deve “tirar muitas ilações e não deve fingir que não aconteceu nada”.

“Se o Governo não inflectir as suas políticas e, sobretudo, se não demonstrar maior sensibilidade social, haverá cada vez mais manifestações e serão cada vez maiores”, disse. Quanto ao papel do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, Freitas do Amaral defende que “talvez fosse útil que falasse um pouco mais nesta fase”.