Vamos passar as férias à procura de dinossauros?

Pedro Viegas tem 31 anos e é fascinado pela geologia há mais de 20. Vai tentar inovar o turismo nacional ao guiar turistas em expedições geológicas em Portugal

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Uma empresa britânica especializada em geoturismo criou um campo de férias para os entusiastas dos dinossauros. Já a partir deste Verão deve ser possível participar, juntamente com cientistas, em trabalhos de escavação a decorrer na região de Torres Vedras. Esta oferta turística vai contar com um guia português: Pedro Viegas, 31 anos, especialista em dinossauros a trabalhar na Universidade de Bristol, no Reino Unido.

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Uma empresa britânica especializada em geoturismo criou um campo de férias para os entusiastas dos dinossauros. Já a partir deste Verão deve ser possível participar, juntamente com cientistas, em trabalhos de escavação a decorrer na região de Torres Vedras. Esta oferta turística vai contar com um guia português: Pedro Viegas, 31 anos, especialista em dinossauros a trabalhar na Universidade de Bristol, no Reino Unido.

O fascínio pelo mundo da geologia e da paleontologia nasceu quando Pedro tinha nove anos: “Vi um anúncio na televisão sobre uns minerais que saíam em fascículos e comecei a coleccioná-los.” A partir daí, foi continuar a alimentar a vontade de saber mais. Seguiram-se voluntariados em museus e apanhas de fósseis em passeios de família.

Pouco tempo depois, antes de entrar na universidade, o jovem entusiasta, então com 17 anos, escreveu o seu primeiro artigo científico, em colaboração com investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), onde viria a ingressar para frequentar o curso de Geologia.

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Pedro Viegas, 31 anos, vai ser o guia das férias geológicas

Durante a universidade, o investigador já trabalhava, viajava pelo mundo, coordenava projectos e colaborava com uma empresa holandesa. O curso de Geologia revelou-se pouco prioritário: “Depois de cerca de sete meses fora do país percebi que já não fazia muito sentido estar sentado a assistir às aulas”, confessou.

Mudança para a Inglaterra

De Lisboa a Bristol, onde o especialista trabalha há três anos, foi um salto: a Universidade de Bristol tinha "quatro toneladas de rocha cheias de ossos de dinossauro” e chamou o jovem português para estudar o achado. 

“Preparar fósseis, desenhar laboratórios, implementar programas, dar aulas de preparação e investigar” são as principais tarefas do paleontólogo em Bristol. De acordo com o investigador, o projecto com a universidade “está a correr muito bem” e já envolveu a participação de mais de doze mil crianças em iniciativas ligadas à exploração geológica em Bristol.

A GeoWorldTravel, uma empresa especializada em explorar o geoturismo mundial, convidou Pedro para ajudar a trabalhar um conceito de turismo que, segundo o geólogo português, “tem cerca de dez anos”. A ideia é “levar pessoas para sítios remotos com uma beleza natural intacta e explicar-lhes o que estão a ver”, explicou o paleontólogo. Não se trata apenas de mostrar um vulcão, mas de “explicar por que é que ali está um vulcão”.

Pedro acrescenta que “há público ávido para isto”. Não é preciso ir ao outro lado do mundo para encontrar locais ricos em materiais geológicos. “Há três sítios no mundo onde está a aflorar uma camada de rocha sedimentar do Jurássico: EUA, Tanzânia e Portugal”, avançou Pedro, lamentando que os portugueses tenham pouco a noção da riqueza geológica do seu país.

As localidades de Torres Vedras e Lourinhã são os alvos a explorar: “É algo que ninguém fez. Trazemos cá os turistas, em grupos de dez, e durante esse tempo eles podem participar numa expedição geológica real”, observou o especialista. O número de pessoas a participar é limitado, mas durante esses dez dias “podem escavar e trabalhar no terreno ao lado dos cientistas, contribuindo também para o meio académico”, relatou Pedro.

As datas para o geoturismo em Portugal ainda não estão definidas porque falta a luz verde por parte das empresas nacionais, mas o paleontólogo prevê que as expedições comecem neste Verão. O custo do geoturismo em Portugal será de cerca de 1600 euros, sem as viagens de avião incluídas. O preço inclui a estadia, alimentação, entrada em museus e transportes para o local de trabalho durante dez dias.