Tunguska, o misterioso fenómeno siberiano de 1908

Durante décadas nunca se soube muito bem o que aconteceu a 30 de Junho de 1908, perto do rio Tunguska, no meio da Sibéria, quando um asteróide de 30 metros de diâmetro embateu contra a Terra.

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Fotografia tirada ao local duranter a expedição de 1927 de Leonid Kulik DR

“Se alguém quiser começar uma conversa sobre as questões dos asteróides, a palavra que se deve dizer é Tunguska”, disse Don Yeomans à NASA, no centenário do fenómeno. "Na era moderna, é a única entrada de um grande meteoróide que se conhece e de que há testemunhas em primeira mão”, explica o então responsável pelo departamento dos Objectos Próximos da Terra do Laboratório de Jet Propulsion da NASA.

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“Se alguém quiser começar uma conversa sobre as questões dos asteróides, a palavra que se deve dizer é Tunguska”, disse Don Yeomans à NASA, no centenário do fenómeno. "Na era moderna, é a única entrada de um grande meteoróide que se conhece e de que há testemunhas em primeira mão”, explica o então responsável pelo departamento dos Objectos Próximos da Terra do Laboratório de Jet Propulsion da NASA.

Há vários testemunhos sobre o que se passou. Um homem que estava em Vanavara, a 65 quilómetros da cratera de impacto, foi projectado da cadeira onde estava sentado, e sentiu um calor tão intenso que pensava que a sua camisa estava em chamas.

A primeira visita ao local foi feita em 1921, mas só em 1927, numa expedição russa de Leonid Kulik, foi possível chegar à cratera de impacto. Os cientistas foram ajudados pelo sentido para onde as árvores estavam tombadas. No centro, os troncos das árvores ficaram de pé, mas os ramos estavam desfeitos.

Durante décadas ninguém soube explicar o fenómeno, mas hoje a teoria de um impacto do asteróide é consensual. Estima-se que o asteróide tenha entrado na atmosfera a 15 quilómetros por segundo, o que fez as 100 mil toneladas de matéria aquecerem até aos 24.000 graus. Esta quantidade de energia e pressão provocou a fragmentação do asteróide a uma altitude de 8500 metros provocando uma explosão equivalente a 185 bombas de Hiroxima. “É daí que vem a cratera de impacto”, disse Yeomans. “A grande maioria do asteróide foi consumida na explosão.”

A poeira levantada pelo impacto fez reflectir a luz solar e fez brilhar o céu nocturno em toda a Ásia durante dias. As pessoas conseguiam ler jornais à noite. Centenas de renas morreram por causa da explosão, mas não há relatos de pessoas mortas, o que se justifica pelo facto de a região ser um local inóspito.