Ex-tesoureiro do PP espanhol depôs como acusado em investigação anti-corrupção

Luis Bárcenas nega autoria dos cadernos que contabilidade que comprometem o PP. Juízes querem provar existência de contabilidade paralela no partido popular espanhol

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Luis Bárcenas à entrada do departamento anti-corrupção Susana Vera/REUTERS

Bárcenas, que prestou declarações durante mais de duas horas,  é suspeito de ser o autor do caderno de 14 páginas manuscritas com entradas e saídas de dinheiro no PP desde 1990 a 2008, usado pelo jornal El País para revelar a história que fez o PP, hoje no governo abanar nos seus alicerces.

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Bárcenas, que prestou declarações durante mais de duas horas,  é suspeito de ser o autor do caderno de 14 páginas manuscritas com entradas e saídas de dinheiro no PP desde 1990 a 2008, usado pelo jornal El País para revelar a história que fez o PP, hoje no governo abanar nos seus alicerces.

Ele garante que não saíram da sua caneta: “São uma montagem feita por alguém com acesso à contabilidade”, afirmou à televisão 13tv na segunda-feira. “Vou fazer declarações no mesmo sentido, sem tirar uma vírgula”, disse Bárcenas à agência Europa Press, antes de se apresentar aos juízes anti-corrupção. À saída entrou num táxi sem prestar declarações, apupado por populares, que lhe chamavam “ladrão” e reclamavam um “envelope” com dinheiro.

Também Alvaro Lapuerta, outro ex-tesoureiro do PP, hoje com 85 anos, que foi superior hierárquico de Bárcenas durante 15 anos, irá depor esta quarta-feira.

Bárcenas já era investigado desde 2009 no âmbito do caso Gürtel, um escândalo de fraude fiscal, financiamento ilegal e corrupção, que envolveu muitos dirigentes do PP e empresas. Agora, o departamento anti-corrupção quer que ele responda sobre a alegada contabilidade paralela do PP — e a investigação sobre a existência de uma possível “caixa B” do Partido Popular já tinha sido aberta antes de os jornais terem começado a publicar artigos sobre os dinheiros ocultos do PP.

As declarações desta quarta-feira e o caderno de contabilidade entregue pelo El País às autoridades serão cruzados com duas bases de dados oficiais: os impostos pagos pelo PP desde 2000 e as contas do partido apresentadas ao Tribunal de Contas desde o mesmo ano, pelo menos.

Os juízes anti-corrupção preparam-se também para chamar a depor 15 empresários que constam na lista de Bárcenas como contribuintes do PP, a maioria deles proprietários de empresas de construção civil, e que ofereceram somas superiores ao que é legal oferecer a partidos políticos. Os empresários (e empresas) mencionados negam ter dado essas somas, mas alguns deles, como Alfonso García Pozuelo, Pablo Crespo e Sedesa são já citados em vários ramos do processo Gürtel.

Os investigadores têm pressa: esperam concluir se há matéria para abrir um novo processo até à semana da Páscoa, diz o El País.