Deputada apanhada a conduzir com álcool diz que erro "não obriga a renunciar"

Glória Araújo garante que, se o incidente ocorresse hoje, não conduziria, mas tenciona manter-se como deputada.

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Deputada foi detida na madrugada de sábado e tinha completado 37 anos na sexta-feira DR

Glória Araújo, numa entrevista ao jornal i, questionada sobre se chegou ou não a ser detida pela PSP, respondeu que, “se isso tivesse acontecido, teria sido uma detenção ilegal”. A deputada foi detida numa operação-stop, na madrugada de 4 de Janeiro, em Lisboa, depois de ter acusado 2,41 gramas de álcool por litro de sangue, um valor que prefigura crime. O Código da Estrada estipula os 1,2 gramas de álcool por litro de sangue como valor a partir do qual a condução é considerada crime.

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Glória Araújo, numa entrevista ao jornal i, questionada sobre se chegou ou não a ser detida pela PSP, respondeu que, “se isso tivesse acontecido, teria sido uma detenção ilegal”. A deputada foi detida numa operação-stop, na madrugada de 4 de Janeiro, em Lisboa, depois de ter acusado 2,41 gramas de álcool por litro de sangue, um valor que prefigura crime. O Código da Estrada estipula os 1,2 gramas de álcool por litro de sangue como valor a partir do qual a condução é considerada crime.

A deputada foi detida pela PSP e, posteriormente, presente a tribunal, que confirmou a inibição de condução prevista no Código Penal, aguardando agora o levantamento da imunidade parlamentar. “Às 9h do dia 4 apresentei-me à hora marcada, no sítio marcado, disponível para ser julgada. Daí também não perceber muito bem esta polémica em relação à dúvida se usaria ou não da imunidade parlamentar. Parece-me que não é preciso uma grande capacidade de raciocínio para perceber que alguém que estivesse interessado em utilizar a imunidade parlamentar não se apresentaria no dia a seguir em tribunal”, justificou agora na entrevista.

“Não tinha a consciência de que seria aquela taxa”
Segundo Glória Araújo, o incidente aconteceu na celebração do seu aniversário. O seu carro estava no parque da Assembleia da República e apenas pegou nele para “andar umas centenas de metros” até ao parque de estacionamento do hotel onde fica hospedada em Lisboa. Só no dia seguinte tencionava deslocar-se para o Porto. “A intenção não era ir viajar àquela hora. Evidentemente que isso não é desculpa para coisa nenhuma, tinha a consciência de que estava a conduzir um carro, sabia que tinha consumido bebidas alcoólicas, mas é evidente que não tinha a consciência de que seria aquela taxa”, acrescentou, garantindo que, se fosse hoje, não pegaria no carro.

Sobre ter faltado ao Parlamento no dia seguinte, explicou que foi para comparecer em tribunal e que “pela natureza” da falta não apresentará qualquer justificação. Quanto às quatro faltas na semana seguinte, insistiu que foram por doença e que na última semana, tendo tido necessidade de faltar pelo mesmo motivo, apresentará um atestado. “Faço-o voluntariamente, não me é exigido que o faça. Faço-o agora porque chego à conclusão de que, não para o Parlamento mas para os jornalistas, a minha palavra não chega”, disse.

A socialista diz reconhecer o erro de ter conduzido, mas não sente que isso implique que cesse as suas funções parlamentares. “Agora, a análise que faço do que se passou e do erro que cometi não me leva a concluir que isso me obrigue a renunciar ao meu mandato ou a tomar qualquer outro tipo de atitude para além daquela que já tomei. (...) Serei julgada e, a sentença que me for atribuída, cumpri-la-ei como qualquer outro cidadão”, afirmou também ao i.

“Compreendo que haja, por parte de alguma sociedade, uma condenação à minha irresponsabilidade, mas não compreendo toda a fabulação que se fez acerca da história, não compreendo todas as mentiras que foram publicadas acerca do assunto, não compreendo até o tom telenovelístico com que alguns meios de comunicação social pretenderam reconstituir essa noite”, lamentou.

E prosseguiu: “O que entendo é que há infracções que alguém que desempenha um cargo público comete que podem ser impeditivas do desempenho da sua função. Esta, entendo que não. Não entendo que o tenha feito por abuso da função que desempenho. Não é algo que tenha feito usando os meios que tenho ao meu dispor como deputada para, em proveito próprio ou em prejuízo de outros, tirar qualquer benefício.”

De todas as formas, na semana passada, o presidente da Comissão para Ética, a Cidadania e a Comunicação, Mendes Bota, adiantou que a deputada solicitou a saída da comissão e a sua substituição pelo deputado Pedro Delgado Alves. Mas nesta entrevista Glória Araújo esclareceu que pediu para sair no mesmo dia em que foi nomeada, pelo que não há relação entre os assuntos. Na semana anterior também já tinha chegado à Assembleia da República o pedido do Ministério Público de levantamento da imunidade parlamentar da deputada socialista, adiantou Mendes Bota, referindo que o processo vai seguir agora os trâmites habituais.