Francês de 15 anos ajuda pai numa investigação e publica na Nature

Afinal, há galáxias anãs a girar em torno de Andrómeda e um adolescente ajudou a descobrir este movimento.

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Neil Ibata ainda está no liceu, mas já publicou numa das mais prestigiadas revistas científicas do mundo Jean-Marc Loos/Reuters

A descoberta é o resultado de quatro anos de observação das estrelas destas galáxias anãs. Entre 2008 e 2011, uma equipa internacional com a ajuda dos telescópios Canadá-França-Havai e do telescópio Keck , dos Estados Unidos , mediu o brilho e a posição de milhões de estrelas que compõem as 27 galáxias anãs agora identificadas.

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A descoberta é o resultado de quatro anos de observação das estrelas destas galáxias anãs. Entre 2008 e 2011, uma equipa internacional com a ajuda dos telescópios Canadá-França-Havai e do telescópio Keck , dos Estados Unidos , mediu o brilho e a posição de milhões de estrelas que compõem as 27 galáxias anãs agora identificadas.

Depois, Rodrigo Ibata pediu ao seu filho para visualizar os dados na linguagem de programação Python – Neil Ibata tinha aprendido previamente a linguagem na Universidade de Estrasburgo. Quando fez a visualização destes dados, o filho reparou que as pequenas galáxias pareciam rodar em torno de Andrómeda.

Mas foi o pai que compreendeu o significado dos resultados. “As galáxias estão reunidas num disco muito plano de mais de um milhão de anos-luz de diâmetro que gira lentamente ao redor de si mesmo”, explicou na Nature. “Durante os últimos anos, os astrónomos pensavam que as galáxias ao redor das grandes estruturas como Andrómeda ou a Via Láctea não estavam repartidas de uma forma aleatória”, diz Rodrigo Ibata.

O astrofísico intuía o mesmo, já que, se as galáxias estivessem em posições aleatórias, isso poria em causa as teorias vigentes sobre a matéria negra e a formação das galáxias. O estudo confirmou de facto a intuição de Rodrigo Ibata.

Neil, que estuda no Liceu Internacional de Pontonniers, em Estrasburgo, explicou ao jornal francês Le Figaro que no início “não percebeu bem as implicações do que descobriu”. Só depois do pai e dos colegas lhe explicarem é que compreendeu o seu significado. O adolescente diz que o que aconteceu foi “sorte de principiante”. E em relação aos epítetos de “génio” e de “novo Einstein” que já chamam a Neil, o jovem responde com humor: “Não creio que vão ouvir falar sobre mim nos próximos dez ou 20 anos.”