Para o comércio vem aí o Natal “das grandes incertezas”

Consumidores travam gastos e do grande ao pequeno comércio não há grandes esperanças de uma recuperação nas vendas.

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“As vendas que estão a ser projectadas reflectem a quebra de consumo. Este era um período de pico”, afirma. Os produtos mais associados à quadra devem conseguir manter níveis de vendas, mas no geral não se esperam milagres nas contas. Os portugueses ainda vão “fazer um esforço para manter a tradição” mas estão “cada vez mais receosos nas suas decisões de compra”, continua Ana Isabel Morais. A directora-geral da APED não tem dúvidas de que este será o Natal “mais difícil dos últimos anos” para a grande distribuição, cujas vendas caíram 0,4% no segundo trimestre, para 4,6 mil milhões de euros.

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“As vendas que estão a ser projectadas reflectem a quebra de consumo. Este era um período de pico”, afirma. Os produtos mais associados à quadra devem conseguir manter níveis de vendas, mas no geral não se esperam milagres nas contas. Os portugueses ainda vão “fazer um esforço para manter a tradição” mas estão “cada vez mais receosos nas suas decisões de compra”, continua Ana Isabel Morais. A directora-geral da APED não tem dúvidas de que este será o Natal “mais difícil dos últimos anos” para a grande distribuição, cujas vendas caíram 0,4% no segundo trimestre, para 4,6 mil milhões de euros.

Carla Salsinha, presidente da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS), lembra que esta altura do ano sempre se conseguiu compensar os períodos mais difíceis. “As famílias tinham mais capacidade financeira e esta era uma época de maior apelo ao consumo”, recorda. Com a classe média a ser “fortemente atacada” pelas medidas de austeridade e as incertezas quanto a 2013 e aos impactos do aumento de impostos, a tendência é para apertar ainda mais o cinto e travar gastos considerados supérfluos.

Os comerciantes não investem tanto em stock e apostam nas campanhas promocionais para atrair consumidores. “É um pouco o Natal em saldos. O comércio de proximidade é o que mais directamente lida com as famílias e vemos que têm menor capacidade para consumir”, diz Carla Salsinha. Os presentes deram lugar às “lembranças”. E no cabaz de compras quase só entram produtos com utilidade, como roupa.

Um estudo recente da Deloitte mostra que o valor médio dos gastos previstos pelas famílias portuguesas para o Natal com presentes, comida e eventos sociais é, este ano, de 464 euros, menos 13,5% do que em 2011. Desde que Portugal foi incluído neste inquérito, em 2005, é não só a maior quebra percentual mas também o montante mais baixo.