Prioridade da nova liderança do BE é derrubar o Governo

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“Ouvirão o Bloco de Esquerda repetir todos os dias estas quatro condições. São elas que fazem a esquerda”, afirmou Catarina Martins, neste domingo, num dos dois discursos de encerramento da VIII Convenção do BE. “Ou a troika ou Portugal!”, exclamou.

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“Ouvirão o Bloco de Esquerda repetir todos os dias estas quatro condições. São elas que fazem a esquerda”, afirmou Catarina Martins, neste domingo, num dos dois discursos de encerramento da VIII Convenção do BE. “Ou a troika ou Portugal!”, exclamou.

Catarina Martins considera que “passou o tempo de jogos do bloco central, de meias palavras, de vénias à senhora Merkel, de calculismo sobre o prolongamento da vida deste governo para que tudo fique pior dentro de um ano ou dois”. A “prioridade das prioridades” do BE é, por isso, fazer cair a coligação PSD-CDS.

“Queremos demitir este Governo porque um governo cujo programa é empobrecer o país só merece ser demitido”, sublinhou. “Este é um governo sem honra. Não cumpre os compromissos em nome dos quais impõe sacrifícios, falhou na dívida e no défice, não cumpre os compromissos em nome dos quais foi eleito, nem sequer os compromissos básicos da democracia e da decência para com as pessoas.”

A co-coordenadora do BE voltou a frisar que o Orçamento do Estado em discussão para 2013 “viola a Constituição”. “Um orçamento que seria vetado, se tivéssemos um Presidente da República que existisse para lá do Facebook.” Catarina Martins prometeu luta contra as novas medidas de austeridade “no Parlamento, na rua, no recurso ao Tribunal Constitucional”.

Passos Coelho e Vítor Gaspar foram directamente visados por Catarina Martins. “Tão contentes consigo mesmos nem se apercebem que esses elogios [de Bruxelas] são veneno que condena o país. Merkel e companhia elogiam este Governo porque ele nada mais tem feito do que representar os interesses da finança alemã e europeia, em vez do país que jurou defender e da Europa com que se devia comprometer”.

Construir uma alternativa à esquerda

Depois de Catarina Martins, coube a João Semedo encerrar a Convenção bloquista. No seu discurso deixou o apelo à construção de uma “alternativa à esquerda”.

“Queremos derrubar o Governo. Queremos um Governo de esquerda, queremos deitar fora a troika”, disse.

“À destruição de um país empurrado para o abismo, por um ajuste de contas com o mundo do trabalho e o Estado Social, junta-se o insulto de que neste país de salários mínimos vivemos acima das nossas possibilidades”, disse, recebendo um forte aplauso dos congressistas.

Depois, Semedo elencou o que, no seu entender, está acima das possibilidades dos portugueses: os juros da dívida, o financiamento público da banca que não financia a economia, as privatizações, a destruição dos serviços públicos e a manutenção do actual Governo que está a “destruir o país”.

No final da sua intervenção, deixou uma palavra de reconhecimento aos fundadores do Bloco: Francisco Louçã, Miguel Portas, Luís Fazenda e Fernando Rosas. E prometeu retribuir a militância dos fundadores nos próximos, pelo menos, dois anos em que estará à frente do partido.