NASA dá luz verde à missão para conhecer o interior de Marte

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Um desenho do robô Insight NASA/JPL-Caltech

Além da Terra, sabe-se muito pouco sobre o interior dos outros planetas rochosos como Marte, que têm uma composição semelhante à Terra, ao contrário dos planetas gigantes como Júpiter ou Saturno. Esta missão vai para além do estudo de Marte, “é uma exploração dos planetas rochosos que vai abrir uma janela para o processo que moldou os planetas rochosos da região interior do Sistema Solar [que inclui os planetas Mercúrio, Vénus, Terra e Marte] há mais do que quatro mil milhões de anos”, explica a ficha da missão.

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Além da Terra, sabe-se muito pouco sobre o interior dos outros planetas rochosos como Marte, que têm uma composição semelhante à Terra, ao contrário dos planetas gigantes como Júpiter ou Saturno. Esta missão vai para além do estudo de Marte, “é uma exploração dos planetas rochosos que vai abrir uma janela para o processo que moldou os planetas rochosos da região interior do Sistema Solar [que inclui os planetas Mercúrio, Vénus, Terra e Marte] há mais do que quatro mil milhões de anos”, explica a ficha da missão.

Para a NASA, a escolha de Marte deve-se à pouca actividade geológica que resta ao planeta, o que faz com que haja um melhor registo da sua história geológica.

Quando aterrar em Marte, o Insight (Interior Exploration Using Seismic Investigations, Geodesy, and Heat Transportation) vai medir a actividade sísmica, algo que só foi feito na Terra. A propagação dos sismos revela o interior de um astro, e no caso do nosso planeta ajudou a detectar os limites da crosta, do manto e do núcleo.

“Isto não vai ser uma missão cheia de fotografias bonitas, como no caso do [robô] Curiosity, mas quando tivermos os primeiros tremores de Marte, acho que vamos obter um conjunto de informação realmente fixe”, disse Tom Pike, investigador que vai trabalhar na missão e pertence ao Imperial College de Londres. “Vamos fazer planetologia comparativa. Conhecemos a estrutura interna da Terra, mas não temos nada com que comparar”, explicou à BBC News, acrescentando que os dados vão mostrar se a Terra é um caso especial ou não.

“Estamos entusiasmados”, disse Tom Hoffman, líder do projecto que pertence ao Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA, em Pasadena, na Califórnia. “Uma das coisas que vamos poder fazer em Marte é perfurar a superfície”, disse em comunicado.

Um dos quatro instrumentos que o robô carrega é um perfurador feito pela Agência Espacial Alemã chamado Tractor Mole. É um aparelho com 35 centímetros, oco por dentro. “O Tractor Mole tem um martelo interno que sobe e desce, empurra a estaca para baixo e retira o substrato para fora”, disse Sue Smrekar, uma das responsáveis pelo projecto científico do Insight.

O instrumento vai alcançar os 16 metros de profundidade. “Chegar tão abaixo da superfície afasta-nos da influência do sol e permite-nos medir o calor que vem do interior de Marte”, disse Smrekar. “O Insight vai medir o batimento cardíaco e os sinais vitais do planeta vermelho durante todo um ano marciano, dois anos na Terra. Vamos realmente ter uma oportunidade de compreender os processos que controlam a formação inicial planetária.”

A missão está planeada para 2016 e vai custar 425 milhões de dólares (340 milhões de euros), um montante que não inclui o preço do envio do robô até ao planeta vermelho. A nave que vai carregar a Insight e a aterragem pensada para o robô vão ser uma cópia do que foi feito na missão Phoenix, que aterrou em Marte em 2008. Desta forma, a agência quer diminuir o custo e o risco da missão.

O robô Curiosity que chegou a Marte há pouco mais de duas semanas custou 2,5 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros). A NASA tem sofrido fortes cortes orçamentais. Para estudar o Sistema Solar, a agência espacial aposta agora em missões mais baratas, menos ambiciosas e com mais parceiros internacionais, mas mais rápidas de serem levadas a cabo.

Notícia corrigida às 21h00. Substituiu-se os "planetas terrestres" pelo termo correcto de "planetas rochosos".