Cosmopolis

Há tantas ideias a fervilhar na adaptação por Cronenberg do romance de Don de Lillo que chega a ser de pasmar como o cineasta consegue articular um filme à sua volta. Não é um dos seus grandes filmes. Apesar de vir na sequência dos seus mais recentes filmes onde o body horror se tornou em soul horror, esta sátira escuríssima sobre o apocalipse da economia ocidental visto do interior de uma limusina num dia de trânsito infernal é razoavelmente desalmada, com qualquer coisa de “filme de tese” cruzado de distopia dos anos 1970. A secura estilizada e claustrofóbica do dispositivo e a sucessão de cameos estanques de actores de renome tem algo de performance abstracta, de exercício de estilo, que mantém o espectador à distância, e Cronenberg nunca consegue insuflar-lhe a chama e a emoção que fariam a diferença.

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Há tantas ideias a fervilhar na adaptação por Cronenberg do romance de Don de Lillo que chega a ser de pasmar como o cineasta consegue articular um filme à sua volta. Não é um dos seus grandes filmes. Apesar de vir na sequência dos seus mais recentes filmes onde o body horror se tornou em soul horror, esta sátira escuríssima sobre o apocalipse da economia ocidental visto do interior de uma limusina num dia de trânsito infernal é razoavelmente desalmada, com qualquer coisa de “filme de tese” cruzado de distopia dos anos 1970. A secura estilizada e claustrofóbica do dispositivo e a sucessão de cameos estanques de actores de renome tem algo de performance abstracta, de exercício de estilo, que mantém o espectador à distância, e Cronenberg nunca consegue insuflar-lhe a chama e a emoção que fariam a diferença.