Michael

A zona de desconforto criada pelo cinema austríaco tem, sobretudo, um inconveniente: desencadear uma zona de conforto para o olhar, porque basta arrumar numa gaveta aquilo com o qual não nos queremos confrontar; basta dizer “não” ao que não se quer ver. (Mas que ideia é essa de que um filme existe como SPA emocional?) E assim não conseguiremos ver que se algo pode unir o cinema de Michael Haneke, Ulrich Seild ou Markus Schleinzer (este “protegido” dos anteriores, por isso entrada recente para o clube dos diabolizados), algo também os diferencia. E eis como o fundamental se nos pode escapar. Isto: por temperamento, estratégia ou método de trabalho nem Haneke nem Seild conseguiriam ou estariam interessados em chegar tão perto da turbulência de uma personagem como faz Schleinzer em relação ao pedófilo Michael. A tragicomédia não é só uma questão de “tom”; é uma visão do mundo.

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A zona de desconforto criada pelo cinema austríaco tem, sobretudo, um inconveniente: desencadear uma zona de conforto para o olhar, porque basta arrumar numa gaveta aquilo com o qual não nos queremos confrontar; basta dizer “não” ao que não se quer ver. (Mas que ideia é essa de que um filme existe como SPA emocional?) E assim não conseguiremos ver que se algo pode unir o cinema de Michael Haneke, Ulrich Seild ou Markus Schleinzer (este “protegido” dos anteriores, por isso entrada recente para o clube dos diabolizados), algo também os diferencia. E eis como o fundamental se nos pode escapar. Isto: por temperamento, estratégia ou método de trabalho nem Haneke nem Seild conseguiriam ou estariam interessados em chegar tão perto da turbulência de uma personagem como faz Schleinzer em relação ao pedófilo Michael. A tragicomédia não é só uma questão de “tom”; é uma visão do mundo.