Taxa de desemprego jovem subavaliada: muitos já não procuram trabalho

Taxa de desemprego jovem em Portugal é de 36,1%. Mas relatório da OCDE alerta para o facto de este número não incluir quem já desistiu de procurar emprego

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Desemprego entre os jovens com menos de 24 anos é de 22,6% na zona da OCDE Adriano Miranda

Portugal tem das mais altas taxas de desemprego entre os jovens. Mas as estatísticas oficiais não têm em conta os jovens que já abandonaram o mercado de trabalho. Os valores hoje divulgados pela Organização para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento (OCDE) demonstram que o fenómeno do desemprego está a degradar-se em Portugal.

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Portugal tem das mais altas taxas de desemprego entre os jovens. Mas as estatísticas oficiais não têm em conta os jovens que já abandonaram o mercado de trabalho. Os valores hoje divulgados pela Organização para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento (OCDE) demonstram que o fenómeno do desemprego está a degradar-se em Portugal.


Na zona da OCDE, a taxa de desemprego foi de 8,2% em Fevereiro passado, mas em Portugal apresentou a segunda taxa mais elevada (15,3%), apenas ultrapassado pela Espanha (24,1%). Valores em tudo semelhantes à taxa harmonizada do organismo estatístico comunitário e que revelam que Portugal e Espanha foram os países em que a taxa de desemprego mais subiu entre Março de 2011 e de 2012: 2,9 pontos percentuais em Portugal e 3,3 pontos percentuais em Espanha.


Entre os jovens, o desemprego tende a ser ainda mais elevado. A OCDE manifestou a sua preocupação pela subida do desemprego entre os jovens com idades entre 15 e 24 anos que, na zona da OCDE, atinge os 22,6%. Essa é a média, mas há países em que a taxa é bem mais elevada: Grécia (50%), Portugal (36,1%).

Quem não procura é "população inactiva"

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Mas esta taxa de desemprego entre os jovens está subavaliada, uma vez que, por definição estatística, o conceito de desemprego não abrange aqueles que embora estejam sem emprego, não estejam disponíveis para trabalhar porque já nem procuram emprego. Nesse caso, esses desempregados são integrados estatisticamente na população inactiva e, portanto, não são abrangidos pela taxa de desemprego.


Esse fenómeno é generalizado para o conjunto dos desempregados. Mas entre os jovens verifica-se igualmente. Como é visível no gráfico (ver coluna da esquerda), quando a actividade económica se retrai e o desemprego sobe, os jovens tendem a sair do mercado de trabalho. Ou seja, a população inactiva entre os jovens tende a aumentar. Mas quando a economia retoma e o mercado de trabalho se anima, os jovens voltam a estar disponíveis para trabalhar, a procurar trabalho e, assim, integram a população activa. Ou seja, a população inactiva tende a retrair-se.


Esta quarta-feira, o INE divulga os valores sobre o mercado de trabalho relativos ao primeiro trimestre de 2012. Espera-se uma subida da taxa de desemprego, já que continuam a chegar vagas significativas de novos desempregados aos centros de emprego.