Nasceram 15 milhões de bebés prematuros em 2010

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Um terço da mortalidade infantil em Portugal acontece em bebés prematuros Público

“Nascer-se demasiado cedo é uma causa de morte que não é reconhecida”, disse Joy Lawn, médica, co-editora do relatório e directora do programa Salvar a Vida dos Recém-nascidos da organização Save the Children, que foi uma das instituições responsáveis pelo documento. “Os nascimentos prematuros são responsáveis por quase metade dos recém-nascidos que morrem em todo o mundo e são a segunda causa principal da mortalidade infantil abaixo dos cinco anos, depois da pneumonia”, disse em comunicado esta organização que ajuda crianças e as suas famílias nos Estados Unidos e no mundo.

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“Nascer-se demasiado cedo é uma causa de morte que não é reconhecida”, disse Joy Lawn, médica, co-editora do relatório e directora do programa Salvar a Vida dos Recém-nascidos da organização Save the Children, que foi uma das instituições responsáveis pelo documento. “Os nascimentos prematuros são responsáveis por quase metade dos recém-nascidos que morrem em todo o mundo e são a segunda causa principal da mortalidade infantil abaixo dos cinco anos, depois da pneumonia”, disse em comunicado esta organização que ajuda crianças e as suas famílias nos Estados Unidos e no mundo.

Ao todo, morrem 1,1 milhões de crianças prematuras. O relatório, “Born to Soon: The Global Action Report on Preterm Birth”, defende que três quartos destas mortes podem ser evitadas com medidas simples como injecções esteróides que atrasam o nascimento dos bebés e deixam os pulmões desenvolverem-se. Ou, quando os bebés prematuros já nasceram, truques simples podem evitar mortes, como tê-los sempre colados ao corpo da mãe – uma medida que, além de os manter quentes, permite que sejam amamentados facilmente e que qualquer problema seja logo detectado.

Considera-se que um bebé é prematuro quando nasce com menos de 37 semanas de gravidez, em vez das normais 39 semanas. Dos 15 milhões de prematuros, 12,5 milhões nasceram entre as 32 e 37 semanas, os restantes 2,5 milhões nasceram com menos semanas. Os bebés que sobrevivem podem ficar com sequelas para o resto da vida, desde paralisia cerebral a problemas de desenvolvimento respiratório, de visão, audição ou aprendizagem.

Um estudo da March of Dimes, uma organização sem fins lucrativos que promove a saúde na infância e também fez o relatório, mostra que mesmo os bebés com 37 e as 39 semanas têm duas vezes mais hipóteses de morrer. “É importante assegurar que os bebés atinjam pelo menos as 39 semanas de gestação, quando é medicamente possível”, disse Christopher Howson, outro co-autor do estudo. “Vale a pena esperar para ter um bebé saudável.”

Números de um problema mundial

Os dez países com mais nascimentos antes do tempo são responsáveis ao todo por 58,6% do total dos bebés prematuros. Não é de estranhar que os países mais populosos, como a Índia e a China, venham em primeiro lugar com, respectivamente, 3.519.100 e 1.172.300 crianças nascidas antes do tempo.

Mas a lista é heterogénea e conta ainda, entre outros, com os Estados Unidos, a Indonésia, a Nigéria, o Paquistão ou o Brasil, que está em 10º lugar, com 279.300 prematuros.

Destes, só o Paquistão e a Indonésia fazem parte dos dez países com a maior percentagem de prematuros por 100 nascimentos, um indicador de desenvolvimento. O Malawi está no topo, com 18,1%. Isto significa que em 2010 nasceram neste país africano 662.700 crianças, das quais 119.700 eram prematuras. Nos primeiros 11 lugares estão países com mais de 15% de prematuros. À excepção do Paquistão e da indonésia, são todas nações africanas como o Congo, o Zimbabué, ou Moçambique em que o rácio atinge os 16,4%.

“Em países com baixos rendimentos, mais de 90% dos bebés extremamente prematuros [menos de 28 semanas de gravidez] morrem com poucos dias de vida, enquanto nos países de altos rendimentos este valor baixa para menos de 10%”, refere Howson, acrescentando que o problema pode ser resolvido. Em alguns países africanos, as mortes de recém-nascidos foram reduzidas para metade com medidas de cuidados especiais nos casos de infecções e dificuldades respiratórias.

“A prevenção vai ser a chave”, defende por seu lado Elizabeth Manson, directora da Maternal, Newborn, Child and Adolescent Health, outra organização que contribuiu para o relatório. “Estamos agora a olhar de perto para o que pode ser feito antes de uma mulher ficar grávida, de modo a ajudá-la a ter uma gravidez melhor. Sabemos que a pobreza, a educação da mulher, a malária e o VIH têm todos impacte na gravidez e na saúde do bebé.”

Portugal na média europeia

Em média, nos países mais pobres 12% dos bebés nascem demasiado cedo, enquanto nos países ricos essa média é de 9%. Mas há nações que saem fora desta dualidade. Os Estados Unidos têm 12% de nascimentos prematuros, que equivalem a 517.400 bebés e que o põe em 54º no ranking. O país está abaixo de Timor-Leste, em 53º com 12,1%, e acima da Tailândia, em 55º lugar.

Este valor também revela diferenças sociais e de idades. Em 2009, os norte-americanos negros tinham 17,5% de prematuros, enquanto os brancos tinham 10,9%. E as mães com menos de 17 anos ou mais de 40 tinham 15% de prematuros, enquanto as grávidas entre os 20 e os 35 anos tinham entre 11 e 12%.

Portugal está dentro dos valores médios europeus. Em 2010 houve 7600 nascimentos prematuros entre 98.600 recém-nascidos, o que equivale a 7,7% que coloca o país em 138º lugar no ranking. Abaixo do Luxemburgo, Holanda ou Reino Unido, mas pior que Espanha (com 7,4%) e da Grécia, Itália e da Irlanda (com 6,4%) e dos países do Norte da Europa. No final da lista está a Bielorrússia, com 4,1% de prematuros.