João Mota quer criar um centro de dramaturgia no Nacional D. Maria II

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João Mota, director artístico do Dona Maria DR

“Um país tem de ter essa identidade”, argumentou Mota que acrescentou, “sem autores não há dramaturgia, e sem criar uma dramaturgia, o teatro não vai longe”.

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“Um país tem de ter essa identidade”, argumentou Mota que acrescentou, “sem autores não há dramaturgia, e sem criar uma dramaturgia, o teatro não vai longe”.

“Gosto dos clássicos e da dramaturgia contemporânea, mas defendo um olhar nosso. Um país tem de ter essa identidade e ter os seus autores e acarinhá-los”, afirmou.

“O centro [de dramaturgia] vai criar os seus textos e, com os atores, os autores irão ver como é o palco, para corrigirem, pois não sendo assim, é escrita dramática mas não dramaturgia”, argumentou.

Nesta óptica, João Mota citou a peça “Onde estavas quando criei o mundo?”, de Artur Ribeiro, que vai encenar e se estreará a 12 de Abril na sala estúdio, com Manuela Couto.

Questionado se o anunciado Prémio Amélia Rey-Colaço para novos textos ia ser entregue ainda este ano, o director do TNDM disse que “não estava devidamente aprofundado”, acrescentado que não será entregue em 2012, sem adiantar mais datas.

Outro desejo de João Mota é “levar o teatro a crianças que nunca foram ao teatro”. Por isso pretende “encontrar mecenas para realizar digressões, não a Coimbra ou ao Porto, mas às terras onde as crianças nunca viram teatro”.

“Se há crianças que nunca viram o mar, também há as que nunca foram ao teatro, e é a essas que quero chegar”, disse.

O encenador não tem ainda “dados concretos”, mas reconhece a “necessidade de o fazer” e sente esse desejo, não escamoteando que “as digressões têm custos elevados e que é necessário encontrar um mecenas, até a nível local”.

Neste sentido referiu que “actual crise criou medo em investir, por parte de quem o pode fazer”, e que este factor “dificultará”.

Até 2014, João Mota conta levar à sala principal do D. Maria II, pelo menos uma vez por ano, uma peça de uma autor português.

Para a próxima temporada tem agendado o regresso de Diogo Infante, seu antecessor no cargo, na peça “Cyrano de Bergerac”, de Edmond Rostand, traduzida pelo poeta Nuno Júdice.

“Já falei com o Diogo [Infante] que aceitou. A peça será encenada por mim, mas leva 40 pessoas, o que encarece, mas tem de se arranjar mecenas, e conto fazê-la na próxima temporada”, afirmou.

A peça chegou a estar programada para a actual, que foi redesenhada em Janeiro por João Mota que a justificou pelo “momento de crise”, na qual “somos permanentemente assolados pelo dilema de como a vencer”.