Mission Impossible: Ghost Protocol

E se vos dissermos que é capaz de estar aqui o mais descontraído e mais estimável dos quatro filmes adaptados da série de televisão dos anos 1960 para maior glória de Tom Cruise? Confessamos ter um fraquinho muito especial pelo delírio levado aos limites do desvairo do segundo episódio (filmado por mestre John Woo), mas entregar o comando desta quarta fita a um cineasta vindo da animação é uma solução feliz para resolver a contradição-chave do “caderno de encargos”. A saber: a necessidade de fazer um veículo “sério” à medida do seu actor/produtor/astro de Hollywood, por um lado, e as manipulações narrativas das missões, que geralmente se borrifam na plausibilidade, por outro.

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E se vos dissermos que é capaz de estar aqui o mais descontraído e mais estimável dos quatro filmes adaptados da série de televisão dos anos 1960 para maior glória de Tom Cruise? Confessamos ter um fraquinho muito especial pelo delírio levado aos limites do desvairo do segundo episódio (filmado por mestre John Woo), mas entregar o comando desta quarta fita a um cineasta vindo da animação é uma solução feliz para resolver a contradição-chave do “caderno de encargos”. A saber: a necessidade de fazer um veículo “sério” à medida do seu actor/produtor/astro de Hollywood, por um lado, e as manipulações narrativas das missões, que geralmente se borrifam na plausibilidade, por outro.


Manter o equilíbrio não tem sido fácil, e Brad Bird, autor dos “Super-Heróis” e de “Ratatui”, consegue-o reforçando o lado “cartoonesco” de todas estas missões com a piscadela de olho de quem sabe que quanto melhor a ilusão melhor a implausibilidade passa, e concentrando-se numa gestão de ritmo e de narrativa ilustradas por uma exemplar clareza de encenação. (Michael Bay, por exemplo, podia aprender umas coisinhas com o modo como as sequências iniciais da prisão russa e do Kremlin são filmadas e montadas.) Melhor ainda, Cruise abdicou finalmente do seu protagonismo sisudo, e acede a partilhar o écrã com uma boa equipa de secundários escolhidos a dedo (Jeremy Renner, Simon Pegg e Paula Patton).

Não se trata, longe disso, de um “blockbuster” perfeito: o episódio do Dubai e o duelo final no silo automóvel são espremidos até ao limite do ridículo, o vilão é um “MacGuffin” que só lá está a fazer figura de corpo presente, a construção em patamares de video-jogo é tão preguiçosa que até irrita. Mas isso não deve ignorar que a função primordial de um filme como “Operação Fantasma” é ser uma bugiganga colorida, brilhante e descartável para o Natal - e quanto a esse caderno de encargos, missão cumprida: a descontracção desenvolta e eficaz que Bird aplica torna-o num entretenimento descartável de topo de gama. E está-se mesmo a ver que, se este filme também cumprir a sua missão nas bilheteiras, um quinto episódio não há-de tardar uma loja de barbeiro...