Socialistas Europeus dizem que revisão dos tratados “não vai ajudar” países em dificuldades

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Martin Schulz, que assume a presidência do Parlamento Europeu em Janeiro, com Durão Barroso Yves Herman/Reuters

“Um debate sobre a revisão dos tratados não vai ajudar os países em dificuldade a recuperar a confiança dos mercados financeiros”, disse Martin Schulz, antes de uma cimeira dos chefes de Estado e de Governo da UE em Bruxelas.

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“Um debate sobre a revisão dos tratados não vai ajudar os países em dificuldade a recuperar a confiança dos mercados financeiros”, disse Martin Schulz, antes de uma cimeira dos chefes de Estado e de Governo da UE em Bruxelas.

“Sou céptico quanto a uma alteração do Tratado de Lisboa. Os cidadãos europeus não estão interessados em anos de debate sobre as estruturas e as instituições da União Europeia. Eles querem hoje acções decisivas para estabilizar o euro”, afirmou o eurodeputado social-democrata, criticando a chanceler alemã, Angela Merkel, que insiste numa alteração do tratado.

“A chanceler Merkel fala de uma democracia alinhada com os mercados e nós queremos um mercado que respeite as regras da democracia”, sublinhou Schulz, que assumirá a presidência do Parlamento Europeu em Janeiro próximo.

O eurodeputado alemão admitiu compreender “aqueles que rejeitam as negociações intermináveis com os países exteriores à zona euro”. Ainda assim, acrescenta: “Mas não podemos permitir uma divisão da Europa a 17 países (os da zona euro) contra 10”.

A Alemanha e a França são a favor de uma alteração do tratado para nele consagrar um reforço da disciplina orçamental comum, com o objectivo de não se repetirem as derivas do passado, que contribuíram para a crise da dívida. Qualquer alteração ao tratado da UE necessita da aprovação por unanimidade dos 27 Estados-membros, mesmo que as modificações apenas digam respeito aos 17 que integram a União Monetária.

Caso essa unanimidade dos 27 seja demasiado complicada de obter, Paris e Berlim ameaçaram já que recorrerão a um acordo limitado apenas aos países da zona euro, o que está a preocupar os restantes Estados-membros.