Confrontos marcam fim da viagem de lixo nuclear na Alemanha

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Activistas protestam contra comboio nuclear em Laase Fabian Bimmer/Reuters

Ontem à noite, mais de 1800 activistas esperavam em Laase a chegada dos resíduos nucleares e ocuparam a estrada que leva a Gorleben, antiga mina de sal reconvertida em centro de armazenamento temporário de resíduos radioactivos.

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Ontem à noite, mais de 1800 activistas esperavam em Laase a chegada dos resíduos nucleares e ocuparam a estrada que leva a Gorleben, antiga mina de sal reconvertida em centro de armazenamento temporário de resíduos radioactivos.

Três horas antes da chegada dos resíduos, a polícia carregou sobre os militantes e utilizou canhões de água para os dispersar. Segundo a associação ecologista X Tausendmalquer, os confrontos fizeram cerca de 70 feridos ligeiros.

Na última etapa da viagem – já não de comboio mas em camiões -, dois activistas conseguiram subir para cima de um dos veículos da coluna nuclear, obrigando à sua paragem temporária.

Mas, sob forte escolta policial, os 11 contentores brancos de tipo Castor (Cask for storage of radioactive waste), cada um com 28 toneladas de resíduos altamente radioactivos reprocessados no complexo de La Hague, acabaram por passar os portões e entrar em Gorleben.

A viagem começou na quarta-feira em Valognes, França, e foram precisos cinco dias para fazer os 1200 quilómetros do percurso. Os resíduos fizeram a viagem por comboio de Valognes até Dannenberg, já na Alemanha, onde foram transportados para camiões que os levaram até ao destino final.

Os resíduos nucleares alemães fazem esta viagem desde 1995, desde o local onde foram tratados até ao local onde ficarão armazenados. Este foi o último de 13 comboios.

O colectivo de organizações ecologistas e de agricultores exige uma saída mais rápida do nuclear pela Alemanha – actualmente prevista para 2022 – e pede uma solução definitiva para o armazenamento de resíduos mais perigosos.