Sotheby’s recusou avaliar colecção Berardo

Foto
Talking Picture, de Man Ray (1957), faz parte da colecção Berardo DR

O secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, assegurou, por seu lado, que ia “proceder a essa avaliação”, fosse pela Sotheby’s ou por outra entidade, por entender que esse acto se impõe e porque compete ao Estado “vigiar e avaliar” os “investimentos que faz em fundações”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, assegurou, por seu lado, que ia “proceder a essa avaliação”, fosse pela Sotheby’s ou por outra entidade, por entender que esse acto se impõe e porque compete ao Estado “vigiar e avaliar” os “investimentos que faz em fundações”.

“Vamos proceder a uma avaliação porque ela nos é útil”, disse o governante, quase no final de uma maratona de mais de quatro horas em que respondeu a perguntas dos deputados na reunião conjunta das comissões parlamentares de Cultura e de Orçamento e Finanças.

“Não é uma questão simbólica – são 27 milhões de euros investidos” por sucessivos Governos ao abrigo de um “acordo danoso para o Estado”, prosseguiu Viegas. “Se a avaliação é feita pela Sotheby’s ou por outra empresa… Foram feitas várias avaliações [da colecção] nos Governos anteriores e nem todas foram autorizadas pelo sr. Berardo”, acrescentou.

Francisco José Viegas e Gabriela Canavilhas confrontaram-se durante a audição sobre a proposta do Orçamento do Estado para 2012, que decorreu na sala do plenário da Assembleia da República, na quinta-feira à noite.

Já depois da reunião no hemiciclo, perto das duas da manhã desta sexta-feira nos Passos Perdidos, o secretário de Estado voltou ao tema e respondeu ao PÚBLICO: “O que queremos é a avaliar se o investimento do Estado [na colecção Berardo] é para prosseguir e em que condições.” Viegas recusou-se a revelar os dados relativos às anteriores avaliações – o único número que é do conhecimento público é o que está na base do protocolo, 316 milhões de euros . “Não posso falar sobre isso”, disse o secretário de Estado.

Viegas não desmente carta da leiloeira

Na audição, a antiga ministra da Cultura disse que conhecia a missiva da Sothby’s, datada de 28 de Outubro, na qual a leiloeira e avaliadora internacional se recusava a fazer uma avaliação do acervo da colecção Berardo, enquanto não houvesse um acordo entre as partes: Estado e Fundação Berardo.

Francisco José Viegas não negou a existência dessa carta e reiterou a intenção de avaliar a colecção, fosse pela Sotheby’s ou por outra entidade similar. O acordo entre o Estado e a Fundação Berardo, celebrado em 2006, enquadrou a cedência, pelo coleccionador madeirense e até 2016, de 862 obras de arte moderna e contemporânea, em regime de comodato, para a instalação do Museu Berardo no antigo módulo de exposições do Centro Cultural de Belém.

Notícia corrigida às 22h46O ano do acordo entre o Estado e a Fundação Berardo estava incorrectamente indicado como sendo 2007. Foi em 2006.