PCP desafia Governo a injectar verba do fundo de recapitalização na economia

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Enric Vives-Rubio

“Se existe tanta relutância por parte dos banqueiros à entrada do Estado no capital social dos bancos, e se esta possibilidade vai trazer dificuldades acrescidas no futuro no acesso aos mercados internacionais, por que razão o Governo não decide negociar com a troika a possibilidade de injectar os 12.000 milhões de euros na economia real, através do reforço de capital da Caixa Geral de Depósitos, e deixar o processo de recapitalização dos bancos privados à responsabilidade dos seus accionistas?”, disse o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa.

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“Se existe tanta relutância por parte dos banqueiros à entrada do Estado no capital social dos bancos, e se esta possibilidade vai trazer dificuldades acrescidas no futuro no acesso aos mercados internacionais, por que razão o Governo não decide negociar com a troika a possibilidade de injectar os 12.000 milhões de euros na economia real, através do reforço de capital da Caixa Geral de Depósitos, e deixar o processo de recapitalização dos bancos privados à responsabilidade dos seus accionistas?”, disse o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa.

Para o PCP, “dizem ao povo que a banca está no centro da actividade económica e, por isso, deve ser estabilizada através da sua recapitalização”, mas a verdade é que o dinheiro injectado nos bancos e gerido pelos bancos acaba “envolvido em especulação bolsista” e “é transferido para fora do país, em vez de contribuir para a dinamização da economia nacional”.

Ainda por cima, acrescentou Jerónimo de Sousa, os bancos portugueses foram agora “queixar-se à troika<7i>” da ajuda externa por não quererem aceitar qualquer intervenção do Estado na sua gestão, apesar de quererem receber dinheiro no quadro do acordo de ajuda externa a Portugal.

“Como diz o povo, os banqueiros querem ao mesmo tempo uma no saco e outra no papo”, ilustrou o líder do PCP, que fazia uma declaração aos jornalistas em Lisboa.

“O PCP recusa qualquer solução que não passe por serem os próprios accionistas dos bancos a assumirem os custos do aumento de capital e não aceitamos que, mais uma vez, sejam as próprias vítimas de uma gestão agiota que tem caracterizado a gestão dos bancos privados e suportarem os custos desta operação”, acrescentou.

Jerónimo de Sousa afirmou que, “neste sentido, o PCP reafirma a necessidade da nacionalização definitiva de todo o sector da banca comercial e também dos seguros”, considerando “um atentado” a privatização da actividade seguradora da Caixa Geral de Depósitos.

Na mesma declaração, o secretário-geral comunista condenou a transferência de fundos de pensões da banca para a Segurança Social, que considerou uma “forma de refinanciamento dos bancos, desta vez indirecta”, já que os bancos “vão ser premiados com uma contabilização dos activos líquidos que integram esses fundos, que não correspondem ao seu valor real”.

Segundo Jerónimo de Sousa, os fundos de pensões da banca estão desvalorizados desde 2007 e “deixaram de ter interesse” para os bancos, significando a sua transferência “perda de direitos por parte dos trabalhadores bancários” além de “pôr em causa a própria sustentabilidade da Segurança Social”.

O líder do PCP alertou, a este propósito, que esses fundos de pensões resultaram de negociações entre bancos e sindicatos e que “qualquer decisão que não respeite a vontade dos trabalhadores é ilegal”.