Atenas aprova mais austeridade com as ruas em fúria

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Os deputados da maioria socialista deram luz verde ao primeiro-ministro Georgios Papandreou para implementar duras medidas de austeridade que incluem novos cortes salariais a 700 mil funcionários públicos e cortes nas pensões para os reformados que recebem mais 1200 euros por mês.

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Os deputados da maioria socialista deram luz verde ao primeiro-ministro Georgios Papandreou para implementar duras medidas de austeridade que incluem novos cortes salariais a 700 mil funcionários públicos e cortes nas pensões para os reformados que recebem mais 1200 euros por mês.

O esperado voto positivo – ontem o hemiciclo já dera um “voto de princípio” ao projecto-lei do Governo – aconteceu no meio de mais um dia de protestos frente ao Parlamento e de violência nas ruas da capital. O cenário de batalha campal é uma imagem habitual de Atenas em dias de protesto, mas hoje – com menos gente do que ontem nas ruas – contou com confrontos entre os próprios manifestantes.

A BBC mostrou imagens de protestantes a atacarem-se com bastões, uns de capacete, outros com a cabeça destapada. Alguns correndo de bandeira na mão e pontapeando indiscriminadamente quem aparecia, enquanto por perto rebentavam cocktails molotov e se viam manchas de fumo.

Quando os trabalhadores do sector público e do privado cumpriram o último dia da quinta greve geral de 2011, terão estado nas ruas 50 mil manifestantes na capital. Os números, anunciados pela polícia, contrastam com os 70 mil ontem referidos pela mesma autoridade (os sindicatos falavam quarta-feira em 200 mil manifestantes em Atenas).

Lojas no centro da capital que ontem estiveram de portas fechadas hoje já reabriram, mas os transportes públicos continuaram a circular com restrições. Escolas, bancos, ministérios e outros edifícios públicos permaneceram encerrados, escreveu a agência Reuters.

No Parlamento, o que esteve em causa na votação foi a aprovação de uma série de medidas que a troika Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional exigem para continuar a suportar o empréstimo de 110 mil milhões de euros que a Grécia negociou em Maio do ano passado.

O primeiro-ministro colocou pressão sobre os deputados referindo-se às medidas de austeridade como um pano de salvação para a Grécia “escapar à falência”, citou a AFP.

A dúvida sobre a concessão da próxima tranche de oito mil milhões de euros do empréstimo já não se coloca. A troika já confirmou que o dinheiro entra nos cofres do Estado (em princípio) em Novembro, mas a grave situação financeira em que Atenas se encontra levou a missão internacional a pedir que a tranche seja entregue com a maior brevidade.

A resposta à crise da dívida na Grécia e os termos em que será concedido um reforço do empréstimo no quadro do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (o instrumento que suporta os resgates) está no centro da cimeira de líderes agendada para domingo em Bruxelas. Mas as divisões no interior da zona euro quanto a uma solução levaram já a Alemanha e a França, as duas maiores potências europeias, a reconhecer que não haverá decisões claras a 23 de Outubro, propondo um segundo dia de reuniões até à quarta-feira seguinte.