O carisma de Karita Mattila

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A próxima temporada Gulbenkian dará a ouvir vários cantores de primeiro plano no âmbito de programas sinfónicos, de câmara ou dedicados à música barroca, mas o Ciclo de Canto, habitual nos anos anteriores, desaparece como tal. A única excepção a retomar o formato do recital para um cantor solista e piano é a apresentação de Karita Mattila na abertura, já amanhã, às 19h. A notável soprano finlandesa interpreta um conjunto de páginas admiráveis da canção de câmara germânica e francesa dos finais do século XIX e dos inícios do século XX, acompanhada pelo pianista Martin Katz.

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A próxima temporada Gulbenkian dará a ouvir vários cantores de primeiro plano no âmbito de programas sinfónicos, de câmara ou dedicados à música barroca, mas o Ciclo de Canto, habitual nos anos anteriores, desaparece como tal. A única excepção a retomar o formato do recital para um cantor solista e piano é a apresentação de Karita Mattila na abertura, já amanhã, às 19h. A notável soprano finlandesa interpreta um conjunto de páginas admiráveis da canção de câmara germânica e francesa dos finais do século XIX e dos inícios do século XX, acompanhada pelo pianista Martin Katz.

Apesar da presença de criações de Alban Berg e de Claude Debussy (figuras-chave de novas tendências musicais como o Expressionismo, o Impressionismo e o Simbolismo), o programa é sobretudo marcado pela estética romântica e pós-romântica. Entre a produção de Berg, Mattila optou pelas "Sieben frühe Lieder" (Sete Canções de Juventude), ainda bem próximas da herança oitocentista, e da obra de Debussy irá cantar três dos Cinco Poemas de Baudelaire ("Harmonie du soir", "Le jet d'eau" e "Recueillement"), peças que muito devem à matriz wagneriana. Quatro canções de Brahms ("Meine Liebe ist grün", op. 63 nº 5; "Wiegenlied", op. 49 nº 4; "Von ewiger Liebe", op. 43 nº 1; e "Vergebliches Ständchen", op. 84 nº 4) e outras quatro de Richard Strauss ("Der Stern", op. 69 nº 1; "Wiegenlied", op. 41 nº 1; "Allerseelen", op. 10 nº 8; "Frühlingsfeier", op. 56 nº 5) constituem o restante programa, permitindo mostrar as diversas facetas expressivas da cantora.

Graças à beleza da sua voz, ao carisma dramático e à inteligência interpretativa, Karita Mattila foi construindo ao longo dos anos uma das mais brilhantes carreiras da nosso tempo no âmbito de um vasto repertório que abrange compositores como Beethoven, R. Strauss, Tchaikovsky, Verdi, Puccini, Wagner e Janácek. Em 2010 foi a destinatária da nova ópera da compositora finlandesa Kaija Saariaho, "Émilie", tendo realizado a estreia do papel principal (Émilie du Châtelet, matemática, física e autora do Iluminismo francês, que foi amante de Voltaire). Considerado "o decano dos pianistas acompanhadores" pelo "Los Angeles Times", o pianista Martin Katz tem colaborado nas últimas quatro décadas com os maiores vultos do canto. As suas parcerias em concerto e em disco incluem personalidades como Marilyn Horne, Frederica von Stade, José Carreras, Cecilia Bartoli, Kiri te Kanawa, David Daniels e Samuel Ramey, entre outros.