A Nossa Vida

O que foi não volta a ser, é certo, mas se fosse possível recuperar hoje em dia o “élan” da “era de ouro” do cinema italiano, não andaria muito longe do que Daniele Luchetti (“O Meu Irmão é Filho Único”) e os seus argumentistas e colaboradores regulares Sandro Petraglia e Stefano Rulli (“A Melhor Juventude”) fazem em “A Nossa Vida”: uma actualização nervosa, seca, não linear do melodrama clássico, centrado no percurso de um homem a quem a tragédia bate à porta. Luchetti filma “à flor da pele”, atento aos rostos dos seus actores (e há muito tempo que não víamos um filme com tantos grandes planos de rostos que em nenhum momento remete para a banalidade das cabeças falantes televisivas), com uma câmara nervosa, atenta, que nunca hesita em tratar as suas personagens como gente, com um pudor que não enjeita a frontalidade quando ela é precisa e a convicção de que um filme não é nada se não houver gente lá dentro. É verdade que há mais gente do que narrativa no filme - parece que a história se refugia demasiado em convenções que apenas estão lá para permitir aos actores criar personagens de corpo inteiro (sem precisar em alguns casos de mais do que uma ou duas cenas) e para a câmara os registar com respeito. E isso, parecendo que não, é muito - e é raro hoje em dia. Um belo filme.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O que foi não volta a ser, é certo, mas se fosse possível recuperar hoje em dia o “élan” da “era de ouro” do cinema italiano, não andaria muito longe do que Daniele Luchetti (“O Meu Irmão é Filho Único”) e os seus argumentistas e colaboradores regulares Sandro Petraglia e Stefano Rulli (“A Melhor Juventude”) fazem em “A Nossa Vida”: uma actualização nervosa, seca, não linear do melodrama clássico, centrado no percurso de um homem a quem a tragédia bate à porta. Luchetti filma “à flor da pele”, atento aos rostos dos seus actores (e há muito tempo que não víamos um filme com tantos grandes planos de rostos que em nenhum momento remete para a banalidade das cabeças falantes televisivas), com uma câmara nervosa, atenta, que nunca hesita em tratar as suas personagens como gente, com um pudor que não enjeita a frontalidade quando ela é precisa e a convicção de que um filme não é nada se não houver gente lá dentro. É verdade que há mais gente do que narrativa no filme - parece que a história se refugia demasiado em convenções que apenas estão lá para permitir aos actores criar personagens de corpo inteiro (sem precisar em alguns casos de mais do que uma ou duas cenas) e para a câmara os registar com respeito. E isso, parecendo que não, é muito - e é raro hoje em dia. Um belo filme.