Israel autoriza edificação de casas em colonatos para responder a crise económica

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Colonato ultra-ortodoxo em Jerusalém Oriental de Ramat Shlomo Ramat Shlomo/Reuters/Arquivo

Um porta-voz afirmou que “com a crise económica em Israel, isto vai ajudar os que procuraram terreno para construir em Jerusalém”, sublinhando que a aprovação, feita quando os palestinianos se preparam para levar à ONU um pedido de reconhecimento de um Estado, “não tem nada de político”.

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Um porta-voz afirmou que “com a crise económica em Israel, isto vai ajudar os que procuraram terreno para construir em Jerusalém”, sublinhando que a aprovação, feita quando os palestinianos se preparam para levar à ONU um pedido de reconhecimento de um Estado, “não tem nada de político”.

O anúncio diz respeito à aprovação final de 1600 casas que estiveram no centro de uma polémica com o anúncio de uma aprovação prévia, feito durante uma visita do vice-Presidente norte-americano, Joe Biden, a Israel, disse um porta-voz do ministério, Roi Lachmanovich, segundo a agência AFP. O anúncio foi visto como uma provocação do Estado hebraico aos EUA mas, na altura, as autoridades israelitas justificaram o "timing" dizendo que estas aprovações são o final de um processo já iniciado e que o momento tinha sido uma coincidência.

A crise em Israel, especialmente sobre o preço da habitação, levou a protestos desde meados de Julho, que se intensificaram no final da semana passada. Após as últimas manifestações, que envolveram centenas de milhares de pessoas, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, nomeou uma comissão para fazer propostas para reformas económicas.

Esta comissão reuniu pela primeira vez nesta terça-feira, e ainda não fez qualquer recomendação ou proposta. O aumento do número de casas nos colonatos tinha sido apontado por colunistas de direita como uma hipótese de para fazer face à crise na habitação, mas muitos dos manifestantes argumentam o contrário: que o enorme investimento nos colonatos fez com que fosse diminuída a construção em Israel.

Mais de 500 mil israelitas vivem nos colonatos da Cisjordânia ocupada por Israel, incluindo Jerusalém Oriental. Os colonatos são ilegais à luz da lei internacional, mas Israel divide-os entre os legais e ilegais, conforme tenham ou não autorização do Governo. Mais, o Estado hebraico considera Jerusalém parte do seu território e não território ocupado, como o classifica a comunidade internacional, portanto considera que estas são habitações em bairros judaicos e não em colonatos.

Os palestinianos, para quem um congelamento na construção de colonatos era a condição prévia para voltar às negociações com Israel, argumentaram que o anúncio só dá força à sua iniciativa de procurar o reconhecimento de um Estado, declarado unilateralmente, nas Nações Unidas. O negociador palestiniano Saeb Erekat aproveitou para apelar aos EUA que reconsiderem a sua oposição à iniciativa palestiniana, "único meio para salvar a solução de dois estados".