Black Up

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É assim a música de Ishmael Butler, o homem por detrás de Shabazz Palaces, nome misterioso que no último ano andava na agenda dos mais atentos por causa de três óptimos EPs. Para esses, o álbum "Black Up", é a confirmação de que Ishmael Butler merece ser colocado ao lado de Flying Lotus, Gonjasufi ou Sa-Ra Creative Partners, alguns dos alquimistas do som que nos últimos anos têm rebuscado nas margens do hip-hop, transformando-o em massa instável, elástica, agregadora. Sendo simplista, dir-se-ia que existem duas formas de olhar para a realidade hip-hop, soul e R & B nos dias que correm. Há quem celebre sem complexos a música negra a partir do seu interior (Aloe Blacc, Mayer Hawthorne, Raphael Saadic ou Cee-Lo Green) e quem recorra à infindável biblioteca de sons do mundo para lhe insuflar vitalidade, como How To Dress Well, os excelentes The Weeknd ou Shabazz Palaces, gente que pensa a música a partir de noções como espaço, tempo, plasticidade, temperatura e estruturas que fogem às convenções. Quase todos emergiram no seio da cultura hip-hop, mas a sua perspectiva é mais ampla. Mais do que a retórica, assimilaram os procedimentos criativos. O centro da sua acção é sempre uma linguagem reconhecível - seja o hip-hop ou o R & B - mas com um envolvimento sonoro, ambientes obscurecidos e sintetizadores cósmicos, que acabam por despedaçar essa impressão inicial. Shabazz Palaces é isso. Hip-hop, mas como se fossem espectros que se movem por entre camadas de origens remotas, num fluxo contínuo de informação, com linhas de baixo jazzisticas, alusões vocais, desvios súbitos, uma colisão de partículas que recompõe cenários conhecidos ou provoca embates inéditos. Magnífico.

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É assim a música de Ishmael Butler, o homem por detrás de Shabazz Palaces, nome misterioso que no último ano andava na agenda dos mais atentos por causa de três óptimos EPs. Para esses, o álbum "Black Up", é a confirmação de que Ishmael Butler merece ser colocado ao lado de Flying Lotus, Gonjasufi ou Sa-Ra Creative Partners, alguns dos alquimistas do som que nos últimos anos têm rebuscado nas margens do hip-hop, transformando-o em massa instável, elástica, agregadora. Sendo simplista, dir-se-ia que existem duas formas de olhar para a realidade hip-hop, soul e R & B nos dias que correm. Há quem celebre sem complexos a música negra a partir do seu interior (Aloe Blacc, Mayer Hawthorne, Raphael Saadic ou Cee-Lo Green) e quem recorra à infindável biblioteca de sons do mundo para lhe insuflar vitalidade, como How To Dress Well, os excelentes The Weeknd ou Shabazz Palaces, gente que pensa a música a partir de noções como espaço, tempo, plasticidade, temperatura e estruturas que fogem às convenções. Quase todos emergiram no seio da cultura hip-hop, mas a sua perspectiva é mais ampla. Mais do que a retórica, assimilaram os procedimentos criativos. O centro da sua acção é sempre uma linguagem reconhecível - seja o hip-hop ou o R & B - mas com um envolvimento sonoro, ambientes obscurecidos e sintetizadores cósmicos, que acabam por despedaçar essa impressão inicial. Shabazz Palaces é isso. Hip-hop, mas como se fossem espectros que se movem por entre camadas de origens remotas, num fluxo contínuo de informação, com linhas de baixo jazzisticas, alusões vocais, desvios súbitos, uma colisão de partículas que recompõe cenários conhecidos ou provoca embates inéditos. Magnífico.