A Águia da Nona Legião

Há qualquer coisa que não bate certo em "A Águia da Nona Legião" e, às vezes, basta essa sensação de estranheza para ganhar um filme. No papel, parece que estamos perante um filme de aventuras viris à antiga paredes meias com o velhinho "peplum" - a história de um centurião romano que penetra nos confins da Britânia "selvagem" para recuperar o estandarte de uma legião desaparecida em combate.

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Há qualquer coisa que não bate certo em "A Águia da Nona Legião" e, às vezes, basta essa sensação de estranheza para ganhar um filme. No papel, parece que estamos perante um filme de aventuras viris à antiga paredes meias com o velhinho "peplum" - a história de um centurião romano que penetra nos confins da Britânia "selvagem" para recuperar o estandarte de uma legião desaparecida em combate.


O que o inglês Kevin Macdonald e o argumentista Jeremy Brock (renovando a sua colaboração do aclamado "O Último Rei da Escócia") fazem desta história é outra coisa, e outra coisa que nunca "fixa" um rumo. Ora temos um aspirante a "Gladiador" em versão mais realista; ora temos uma espécie de "western" romano, com as tribos selvagens do Norte da Escócia a fazerem de índios; ora temos um drama atmosférico sobre dois homens (o centurião e o seu escravo) que aprendem a conhecer-se em condições adversas. Não se duvida da inteligência de Macdonald, nem da singularidade do seu olhar paisagista e dinâmico, nem da sua tentativa de fazer um filme de aventuras que revisite os clássicos de um ponto de vista realista e moderno. Mas o realizador parece não conseguir decidir exactamente o que quer fazer e essa indefinição de tom acaba por ferir a coerência do projecto, tornando-o num objecto tão fascinante como falhado.