O Estranho Caso de Angélica

É certamente um "lugar comum" dizer que Manoel de Oliveira tem uma visão do cinema que não é dos dias de hoje, mas é precisamente isso que faz o charme e a validade deste "Estranho Caso de Angélica" que o realizador escreveu nos idos dos anos 1950 mas só agora filmou.

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É certamente um "lugar comum" dizer que Manoel de Oliveira tem uma visão do cinema que não é dos dias de hoje, mas é precisamente isso que faz o charme e a validade deste "Estranho Caso de Angélica" que o realizador escreveu nos idos dos anos 1950 mas só agora filmou.


A história de um fotógrafo que se deixa seduzir pela imagem angelical de uma jovem morta é uma metáfora do poder da imagem e do cinema à qual a câmara fixa e a composição teatral dos planos se adequam que nem uma luva, e onde as trucagens deliciosamente artesanais remetem para os primórdios do cinema do qual Oliveira é um dos últimos representantes. É esse anacronismo, assumido e casmurro, que tem mantido viva a arte do realizador, e que atinge em "O Estranho Caso de Angélica" um apogeu quase zen.