Poesia

É a primeira vez que o coreano Lee Chang-Dong, regular dos grandes festivais de cinema, chega às salas portuguesas, e fá-lo com esta pérola preciosa que venceu o prémio de Melhor Argumento em Cannes 2010. Quem tiver visto o excelente "Mother" de Bong Joon-hoo poderá encontrar pontos em comum entre os dois filmes - que têm como heroínas matriarcas que lutam com os actos menos próprios dos adolescentes - mas Lee opta por um modo de pastoral bucólica e existencialista para o seu conto moral sobre a vida, acompanhando uma avó generosa (extraordinária Yun Jung-hee) que enceta uma verdadeira travessia do deserto onde a doença e a morte vão inevitavelmente de braços dados com o amor e a poesia.

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É a primeira vez que o coreano Lee Chang-Dong, regular dos grandes festivais de cinema, chega às salas portuguesas, e fá-lo com esta pérola preciosa que venceu o prémio de Melhor Argumento em Cannes 2010. Quem tiver visto o excelente "Mother" de Bong Joon-hoo poderá encontrar pontos em comum entre os dois filmes - que têm como heroínas matriarcas que lutam com os actos menos próprios dos adolescentes - mas Lee opta por um modo de pastoral bucólica e existencialista para o seu conto moral sobre a vida, acompanhando uma avó generosa (extraordinária Yun Jung-hee) que enceta uma verdadeira travessia do deserto onde a doença e a morte vão inevitavelmente de braços dados com o amor e a poesia.

Enganadoramente simples, "Poesia" utiliza uma elegante acumulação de pormenores para construir um filme assombrosamente denso sobre a memória e o esquecimento que fica connosco muito para lá dos planos finais (que, apropriadamente, fecham o círculo do rio que corre na cena de abertura). Belíssimo.