BE inspira-se nos problemas da geração “parva” e suaviza críticas ao PSD

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Francisco Louçã dá este sábado uma conferência de imprensa Enric Vives-Rubio

As três letras da sigla do partido de Passos nunca aparecem. Aparece, sim, uma inspiração nos problemas de precariedade da geração “parva”, já eternizada pela canção dos Deolinda, e a acusação ao Executivo de José Sócrates de, “apesar de ter sido suportado por uma grande maioria parlamentar nas mais importantes decisões económicas”, não responder ao desemprego, pobreza e precariedade. Mas se a sigla PSD não está, as críticas também se aplicam aos sociais-democratas, que apoiaram grande parte das medidas de austeridade.

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As três letras da sigla do partido de Passos nunca aparecem. Aparece, sim, uma inspiração nos problemas de precariedade da geração “parva”, já eternizada pela canção dos Deolinda, e a acusação ao Executivo de José Sócrates de, “apesar de ter sido suportado por uma grande maioria parlamentar nas mais importantes decisões económicas”, não responder ao desemprego, pobreza e precariedade. Mas se a sigla PSD não está, as críticas também se aplicam aos sociais-democratas, que apoiaram grande parte das medidas de austeridade.

A partir de segunda-feira e até à data do debate, os bloquistas vão para a rua explicar a sua moção. Haverá acções em todos os distritos, com dirigentes do BE, que vão distribuir um jornal com as razões da censura a Sócrates e que tem já destino traçado: o “chumbo”. Este sábado, o coordenador do Bloco, Francisco Louçã, apresenta, em conferência de imprensa, as razões dos bloquistas.

Debaixo de fogo cerrado da oposição de direita e do PS, que tenta fazer passar a ideia do efeito de uma moção de confiança, dirigentes do Bloco ouvidos pelo PÚBLICO admitem que a moção já teve um efeito clarificador de pôr a direita ao lado do Governo. E desdramatizam as divergências internas dentro do partido à estratégia de apresentar a moção, que já provocou demissões. Numa frase, são “críticos” que sempre foram “críticos”, na expressão de um dirigente nacional.

Em duas páginas, a segunda moção de censura da legislatura (a primeira foi do PCP no ano passado e foi chumbada) tem uma fundamentação ideológica e de esquerda. A começar pela acusação de que o Executivo do PS adoptou uma “política económica e social que tem atingido essencialmente os trabalhadores sem emprego e os jovens da geração mais preparada”. E aqui entra a referência aos precários: “Existe hoje mais de um milhão de trabalhadores em situação totalmente precária, incluindo uma parte paga a troco de falso recibo verde”, lê-se no texto.

O BE quer que a moção signifique uma recusa ao “gigantesco embuste da distribuição equilibrada dos sacrifícios “, atacando também a “estratégia agressiva” que encara o subsídio de desemprego “como um custo e não como um direito”.

O Governo “ignorou os sinais dos eleitores” e o BE enumera as consequências da política do PS: um “agravamento da crise social com o aumento dos impostos”, a “queda do investimento público” e “redução de salários”, além dos cortes nos “apoios sociais e outras prestações a centenas de milhares de famílias”.