“Sargento Getúlio” de João Ubaldo Ribeiro chega a Portugal ao fim de 40 anos

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João Ubaldo Ribeiro em 2000 Adriano Miranda

Livro e filme serão apresentados no Casino da Figueira da Foz no sábado, às 16h30, pela mão do editor Nelson de Matos, que confiou a apresentação do romance a Juva Batella, escritor e professor de Literatura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

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Livro e filme serão apresentados no Casino da Figueira da Foz no sábado, às 16h30, pela mão do editor Nelson de Matos, que confiou a apresentação do romance a Juva Batella, escritor e professor de Literatura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

João Ubaldo Ribeiro, Prémio Camões em 2008, mostrou-se contente, em declarações à Lusa, pela edição portuguesa e recordou que esta é uma das suas obras mais conhecidas, juntamente com “Viva o Povo Brasileiro” (1984).

O livro conta a viagem de um sargento que vai buscar um preso perto de Sergipe, no interior do Estado da Baía, mas durante o percurso o poder político muda de mãos, tornando a missão absurda.

Resumindo o romance, João Ubaldo explica a partir do Rio de Janeiro: “É essa a raiz da história do Sargento: ele realmente vive num mundo que está acabando, ou já acabou, o mundo dele, do sertão, do cangaço. O mundo em que ele foi criado está sendo substituído por novos valores, novas práticas, e isso deixa-o desamparado, desconcertado, sem entender as coisas. Por isso ele diz que não gosta que o mundo mude.”

A mudança não o impede de prosseguir, porque “tem como último laço que o prende à vida o cumprimento do seu código de honra, cumprir a missão até ao fim”. Acrescenta o autor que “dar vazão a essa postura ética significa estar vinculado a um mundo que está acabando, que está terminando, o mundo moderno que manda dizer a ele que a missão já não interessa”.

Além do mais, não recebeu ordens contrárias do chefe, “a quem ele tem extrema lealdade, lealdade canina”.

João Ubaldo comenta o próprio resumo, ao dizer: “Essas coisas são muito fáceis de dizer depois de feitas. Eu quando escrevi certamente não estava pensando nisso, mas é o que resultou.”

Sobre o filme (de 1983) que vai ser exibido no Casino da Figueira no sábado, o escritor diz que gosta da obra mas que não a reivindica: “O filme é baseado no meu livro mas não é meu, é o filme do director Hermano Penna e dos actores”. E acrescenta que gosta do filme, mesmo tratando-se de uma obra “difícil até para nós, que temos cidades violentas e um passado violento, até para as plateias brasileiras o filme é assistido com um certo assombro daquela violência toda”.

O romance “Sargento Getúlio é trazido para Portugal pelas Edições Nélson de Matos, na coleção Mil Horas de Leitura, que já publicou mais quatro obras de João Ubaldo Ribeiro: “Viva o povo Brasileiro”, “A Casa dos Budas Ditosos”, “Miséria e Grandeza do Amor de Benedita” e “O Albatroz Azul”.