Deixa-me Entrar

"Deixa-me Entrar" é, paradoxo dos paradoxos, um óptimo filme inútil. A "remake" americana do excelente filme homónimo do sueco Tomas Alfredson sobre a amizade entre um miúdo solitário e uma menina vampira é um objecto feito com gosto, cuidado, inteligência e enorme respeito pelo original.

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"Deixa-me Entrar" é, paradoxo dos paradoxos, um óptimo filme inútil. A "remake" americana do excelente filme homónimo do sueco Tomas Alfredson sobre a amizade entre um miúdo solitário e uma menina vampira é um objecto feito com gosto, cuidado, inteligência e enorme respeito pelo original.


É, coisa raramente vista, uma "remake" que não trai, distorce ou deturpa - antes pelo contrário, Matt Reeves (cúmplice de J. J. Abrams e autor de "Nome de Código: Cloverfield") traduz na perfeição o ambiente de fábula negra sobre a iniciação ao mundo real, o onirismo inquieto e amplificado. Mais do que uma adaptação, é uma verdadeira tradução do original sueco para inglês, feita com cuidado e atenção.

Mas há uma diferença entre traduzir um livro e traduzir um filme - e se o livro precisa de tradução para viajar, um filme não. E o grande problema desta "remake" é que nada adianta nem inventa relativamente ao filme de Tomas Alfredson: é uma segunda encenação do mesmo texto que não traz uma leitura diferente, apenas reencena o original para benefício de um público a quem um filme sueco não convenceria. Mas, por mais respeitoso e impecável que o exercício seja - e é - a sua futilidade torna-se depressa óbvia: de que serve refazer um bom filme quando não se consegue fazer melhor que o original?