Depois da Vida

Ou como se pode perder uma boa ideia numa concretização ao lado. Com esta história de uma professora em crise que acorda cadáver na morgue e se recusa a acreditar que está morta, Agnieszka Wojtowicz-Vosloo quer fazer uma meditação existencial sobre a vida e a morte disfarçada de filme de terror Shyamalanesco para queques.

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Ou como se pode perder uma boa ideia numa concretização ao lado. Com esta história de uma professora em crise que acorda cadáver na morgue e se recusa a acreditar que está morta, Agnieszka Wojtowicz-Vosloo quer fazer uma meditação existencial sobre a vida e a morte disfarçada de filme de terror Shyamalanesco para queques.


A realizadora tenta manter até ao fim a dúvida metódica (ela está mesmo morta ou há uma conspiração sinistra a rodeá-la?), sublinhada por uma encenação toda em design de luxo e pela ambiguidade das pistas e das personagens - mas rapidamente percebemos que essa procura da ambiguidade a todo o custo desperdiça a premissa e actores como Christina Ricci e Liam Neeson num colete de forças inescapável. A verdade é que, se "Depois da Vida" tivesse um pingo de espontaneidade ou de sentido de humor (e, de caminho, meia-hora a menos), já estaria a meio caminho do estatuto de culto - mas em vez disso tem pretensões a filme de ideias, e assim se perde o que poderia ter sido uma eficaz fita de género.