Sobrevivente do Holocausto dança "I Will Survive" em Auschwitz

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As imagens mostram Adolek com os seus quatro netos, tentando acertar os passos na coreografia ensaiada, hesitando – há uma altura em que se nota que ele ameaça desistir – mas acabando por dançar, finalmente, com entusiasmo. Tem uma t-shirt branca dizendo "survivor". As imagens vão-se sucedendo: no relvado de Auschwitz, em frente ao portão com o tristemente famoso dizer "Arbeit Macht Frei" ("o trabalho liberta"), nas carruagens, no campo de Dachau... Avô e netos, numa imagem ele faz o sinal "v" de vitória com os dedos.

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As imagens mostram Adolek com os seus quatro netos, tentando acertar os passos na coreografia ensaiada, hesitando – há uma altura em que se nota que ele ameaça desistir – mas acabando por dançar, finalmente, com entusiasmo. Tem uma t-shirt branca dizendo "survivor". As imagens vão-se sucedendo: no relvado de Auschwitz, em frente ao portão com o tristemente famoso dizer "Arbeit Macht Frei" ("o trabalho liberta"), nas carruagens, no campo de Dachau... Avô e netos, numa imagem ele faz o sinal "v" de vitória com os dedos.

O vídeo, feito pela filha de Kohn Jane Korman, uma artista australiana, provocou reacções violentas, conta a revista alemã "Der Spiegel". Esteve poucos dias no YouTube, e antes de ser retirado por causa dos direitos de autor da música de Gloria Gaynor, foi visto meio milhão de vezes.

A ideia desagradou a muitos. O director nacional da Liga Anti-Difamação (organismo nos EUA que supervisiona o antisemitismo e negação do Holocausto), Abraham Foxman, disse perceber "a necessidade de celebrar a sobrevivência", mas notou que esta estava infelizmente limitada "aos que sobreviveram", segundo a revista alemã. Houve quem tivesse ao início sentimentos contraditórios em relação à ideia e acabasse por mudar de opinião: a escritora e blogger Suzanne Reisman começa por explicar que ao ler sobre o vídeo discordou do uso de uma música como "I Will Survive". "Mas depois vi o vídeo. Não consegui parar de chorar. Ver este homem voltar a um sítio que lhe tirou tanta coisa e dançar com a sua família é incrível", conta no BlogHer. E finalmente muitos enviaram cartas a Jane Kormak agradecendo que ela tenha conseguido "uma declaração de amor à vida mesmo depois da morte" e que tenha quebrado um tabu.

No final do vídeo, "Adolek" Kohn explica: "Se alguém me dissesse aqui, nessa altura, que eu iria voltar sessenta e tal anos mais tarde com os meus netos, eu responderia: 'O que estás a dizer? O que estás a dizer?'. Isto é realmente um momento histórico."

Nascido na Polónia, Kohn e a sua família foram enviados para o gueto e depois deportados para Auschwitz, onde chegaram depois de uma viagem de três dias de comboio. Adolek tinha 21 anos, era saudável e conseguiu trabalhar. A sua mãe não sobreviveu. Depois de ser libertado conheceu a mulher, Marysia, com quem casou apenas com uma aliança – não havia mais. Os dois acabaram na Austrália sem nada. Kohn começou a trabalhar numa fábrica têxtil e acabou por conseguir montar uma pequena empresa, que vendeu antes de se reformar.

O avô Kohn está especialmente orgulhoso da sua filha Jane e da ideia que levou ao vídeo. Considera mesmo que dançar com os netos no sítio onde a mãe morreu foi o maior triunfo da sua vida, diz. "Desde então, já não sou uma vítima. Sobrevivi. Ganhei."

Veja aqui o vídeo