Investigadora portuguesa recebe prémio internacional por trabalhos na Antárctida

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O Programa Polar Português foi aprovado em Dezembro de 2007 Alister Doyle/Reuters (arquivo)

Vanessa Batista recebeu a distinção “Outstanding Presentation for Early Career Scientists”, na categoria “Mudanças passadas, presentes e futures nas regiões polares”, informou o Comité Polar Português. A investigadora foi um dos 12 jovens cientistas seleccionados de um total de 750.

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Vanessa Batista recebeu a distinção “Outstanding Presentation for Early Career Scientists”, na categoria “Mudanças passadas, presentes e futures nas regiões polares”, informou o Comité Polar Português. A investigadora foi um dos 12 jovens cientistas seleccionados de um total de 750.

“Este prémio vem reconhecer a importância do trabalho de Vanessa Batista realizado na ilha Deception na Antárctida Marítima, sobre os factores que controlam a camada activa do permafrost, a nível espacial e temporal”, justifica o Comité português.

A investigação de Batista, que contou com o apoio de colegas espanhóis e argentinos, pretendeu compreender as influências da altitude e de outros factores na espessura das camadas de gelo naquela ilha vulcânica. Para isso foram instaladas estações de medição da espessura do permafrost a várias altitudes e as observações decorreram durante os Verões na Antárctida de 2009 e 2010.

O prémio foi atribuído durante a maior conferência polar de sempre (de 8 a 12 de Junho), onde participaram 2300 cientistas de todo o mundo, para apresentar os primeiros resultados do Ano Polar Internacional (2007-2009). Portugal esteve representado por onze investigadores de várias instituições.

Gonçalo Vieira, do Comité Português para o Ano Polar Internacional, explicou ao PÚBLICO que, durante o Ano Polar, “houve áreas em que se avançou bastante”, como o conhecimento da quantidade de carbono armazenado no permafrost do Árctico e o estudo do mar gelado no Antárctico e no Árctico e nas suas reacções em cenários de aquecimento global. Além disso, “pela primeira vez, houve uma interacção muito forte entre as ciências sociais e as outras ciências, bem como com os povos do Árctico. Este esforço ajudou a conhecer muito melhor os problemas destes povos e também aspectos relacionados com mudanças ambientais difíceis de quantificar”, considerou.

Oceano austral e permafrost entre as maiores contribuições portuguesas

O Ano Polar Internacional ajudou a promover a investigação portuguesa nestas regiões. Desde a aprovação do Programa Polar Português, em Dezembro de 2007, dezenas de cientistas têm contribuído para aumentar o conhecimento polar. Entre as áreas com maiores contribuições portuguesas estão o estudo do ecossistema do Oceano Austral e o estudo do permafrost antárctico, referiu.

Acima de tudo, Gonçalo Vieira considera que o Ano Polar Internacional “fez com que a comunidade se unisse. Dinamizaram-se muitíssimas colaborações internacionais nos dois pólos” e “ofereceram-se bolsas para formação de jovens investigadores”, ajudando a atrair investigadores para as regiões polares.

Agora, no final da iniciativa, o investigador considera importante não perder o “momentum” e conseguir “potenciar o investimento, em especial aquele que foi feito ao nível das redes de monitorização e de recursos humanos”. “Em Portugal, por exemplo, conseguimos criar massa crítica e ampliar muito o interesse pela ciência polar; agora é necessário, de forma sustentada, estruturar um programa polar sólido que permita manter as equipas que se enquadraram muito bem em grupos multinacionais, e que são competitivas, a trabalhar de forma continuada”. Neste âmbito está a ser criada uma plataforma inovadora de partilha de dados polares, a Polar Information Commons, para arquivar e partilhar dados de investigação.