Presidente do painel climático da ONU diz que “cépticos” recebem muita atenção dos media
“Cinco ‘cépticos’ terão mais atenção do que 95 pessoas que acreditam”, afirmou Pachauri, numa conferência na Fundação Calouste Gulbenkian.
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“Cinco ‘cépticos’ terão mais atenção do que 95 pessoas que acreditam”, afirmou Pachauri, numa conferência na Fundação Calouste Gulbenkian.
O presidente do IPCC reconheceu que os cientistas e o próprio organismo que dirige têm comunicado mal com o público e não estão preparados para responder aos “ataques”, segundo Pachauri, que lhe têm sido feitos nos últimos meses. Investigadores na área das alterações climáticas têm sido acusados de más práticas e manipulação de dados, na sequência da revelação de emails pirateados de um dos maiores centros de investigação nesta área, da univesidade britânica de East Anglia. O próprio IPCC tem sido alvo de críticas, devido a alguns erros encontrados nos seus relatórios.
Rajendra Pachauri sugeriu ontem que as incertezas científicas que existem sobre alguns aspectos das alterações climáticas não devem ser motivo para a inacção. “Até chegarmos à certeza perfeita, chegaremos ao desastre”, afirmou.
O IPCC analisou milhares de referências científicas no seu último relatório de avaliação sobre as alterações climáticas, concluído em 2007. O próximo, previsto para 2014, lidará com um número ainda maior de artigos, segundo Pachauri. Ainda assim, o presidente do IPCC diz que a investigação é geograficamente desigual. “Não há muitos países que estejam a apostar na investigação climática”, referiu.
No final da palestra, membros da assistência questionaram o papel do dióxido de carbono no aquecimento global. Pachauri respondeu: “Enviem-me os artigos científicos [sobre o assunto], que serão analisados”.