Fundo do mar no Árctico está a libertar metano mais depressa do que o estimado

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O permafrost por debaixo da plataforma está perfurado Denis Sarrazin/Reuters

Natália Shakhova e Igor Semiletov, da Universidade de Fairbanks, no Alasca, lideraram o estudo realizado numa zona do fundo do oceano ainda pouco conhecida, a plataforma siberiana oriental do Árctico. Esta armazena grandes quantidades de metano gelado e mostra sinais de instabilidade.

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Natália Shakhova e Igor Semiletov, da Universidade de Fairbanks, no Alasca, lideraram o estudo realizado numa zona do fundo do oceano ainda pouco conhecida, a plataforma siberiana oriental do Árctico. Esta armazena grandes quantidades de metano gelado e mostra sinais de instabilidade.

“O permafrost (solo permanentemente gelado) por debaixo da plataforma, considerado há muito como uma barreira impermeável, está perfurado e a deixar escapar grandes quantidades de metano para a atmosfera”, segundo um comunicado daquela universidade.

“Esta descoberta evidencia uma importante fonte de metano que até agora tinha sido negligenciada”, escrevem os autores do estudo.

“A libertação de uma pequena fracção do metano armazenado na plataforma poderia desencadear alterações climáticas abruptas”, ainda que difíceis de prever, acrescenta a cientista.

Segundo Shakhova, “o metano que está a ser libertado naquela região é comparável ao metano que se está a escapar de todos os oceanos do planeta”. Na verdade, aquela zona rica em metano, a cerca de 50 metros de profundidade, estende-se por mais de dois milhões de quilómetros quadrados no fundo do mar. “O permafrost subaquático está a perder a sua capacidade de ser uma barreira impermeável”.

O metano é um gás com efeito de estufa 30 vezes mais potente do que o dióxido de carbono.

Desde o início do Outono de 2003 até 2008, Shakhova e Semiletov lideraram uma equipa que estudou a plataforma, recolhendo amostras da água do mar a várias profundidades e do ar à superfície do oceano. Concluíram que mais de 80 por cento da água a grandes profundidades e mais de 50 por cento da água à superfície registavam níveis de metano oito vezes mais elevados do que o normal. Encontraram resultados semelhantes no ar à superfície do oceano, concluindo que o metano não só se estava a dissolver na água como estava a libertar-se para a atmosfera.

Shakhova, Semiletov e colaboradores de doze instituições de cinco países pretendem continuar a estudar a região, monitorizando as emissões de metano e perfurando o fundo do oceano para tentar estimar quanto do gás está lá armazenado.