Merkel desafia Estados Unidos a cederem poderes às organizações internacionais

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Hillary Clinton é uma das convidadas para as celebrações em Berlim Johannes Eisele/Reuters

“Nós, europeus, assumimos relativamente esse hábito. Prescindimos voluntariamente de competências a favor de Bruxelas e da União Europeia” recordou a chanceler, num colóquio a propósito dos 20 anos da queda do Muro de Berlim. Por contraste, afirmou, Washington tem “muito mais dificuldades em delegar competências no Fundo Monetário Internacional ou a qualquer outra organização internacional”.

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“Nós, europeus, assumimos relativamente esse hábito. Prescindimos voluntariamente de competências a favor de Bruxelas e da União Europeia” recordou a chanceler, num colóquio a propósito dos 20 anos da queda do Muro de Berlim. Por contraste, afirmou, Washington tem “muito mais dificuldades em delegar competências no Fundo Monetário Internacional ou a qualquer outra organização internacional”.

Duas décadas depois do acontecimento que mudou a face da Europa, Merkel disse que “a coexistência pacífica não será possível sem uma nova ordem mundial” que, argumenta, deve ser baseada “numa visão mais multipolar”.

Deu como exemplo a Organização Mundial de Comércio que integra dezenas de nações e onde, ao contrário das Nações Unidas, “não existe o mínimo direito de veto de nenhum país membro”. “Não há muitos exemplos como este”, lamentou.

As declarações de Merkel surgem em resposta ao desafio lançado ontem à noite pela secretária de Estado norte-americana, uma das convidadas para as cerimónias de hoje na capital reunificada. À chegada à Alemanha, Hillary Clinton pediu aos europeus para forjarem “uma parceria mais forte” com os Estados Unidos para “fazer tombar os muros do século XXI” e para lutar contra os extremismos religiosos, numa referência aos esforços conjuntos no combate aos taliban no Afeganistão.

Merkel alega que uma das vias para a cooperação é garantir que “os Estados estão dispostos a ceder as suas competências às organizações multilaterais, seja a que preço for”. “O mundo não terá paz se não conseguirmos uma nova ordem mundial e cooperação”, alegou.