Espólio do fado comprado por 910 mil euros pelo Estado e Câmara de Lisboa

Foto
Bruce Bastin começou a colecção entre as décadas de 1970 e 80 Nuno Ferreira Santos/PÚBLICO

Cinco ministros da Cultura e cerca de oito anos depois de ter vindo a público a existência deste espólio, a transacção da última tranche da colecção conclui-se no dia 21, com a celebração final do acordo entre o coleccionador, o Ministério da Cultura e a EGEAC/Câmara de Lisboa. Nessa altura, de acordo com Lucinda Lopes, vogal da administração da EGEAC, serão entregues os três mil registos em falta (que incluem discos portugueses adquiridos por Bastin no Brasil), tendo os primeiros cinco mil discos de 78 rotações sido entregues ao Museu do Fado no final de Janeiro de 2008.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Cinco ministros da Cultura e cerca de oito anos depois de ter vindo a público a existência deste espólio, a transacção da última tranche da colecção conclui-se no dia 21, com a celebração final do acordo entre o coleccionador, o Ministério da Cultura e a EGEAC/Câmara de Lisboa. Nessa altura, de acordo com Lucinda Lopes, vogal da administração da EGEAC, serão entregues os três mil registos em falta (que incluem discos portugueses adquiridos por Bastin no Brasil), tendo os primeiros cinco mil discos de 78 rotações sido entregues ao Museu do Fado no final de Janeiro de 2008.

Mas em Maio de 2008, a comissão designada pelo Estado para avaliar o acervo considerou que este tinha sido sobreavaliado, o que levou a uma renegociação. Em Dezembro, o ministro da Cultura ainda tinha dúvidas sobre “a quantidade e a qualidade” do acervo - se seriam apenas discos ou também gravações secundárias, sem os originais.

Agora, Manuel Bairrão Oleiro, director do Instituto de Museus e Conservação (ao qual a colecção ficará afecta), explicou ao PÚBLICO que os registos que agora chegarão “ficarão no Museu do Fado para inventariação e catalogação”, cabendo à tutela e à EGEAC decidir o seu destino final. Lucinda Lopes revelou ao PÚBLICO que a EGEAC e o Ministério da Cultura vão constituir um Arquivo Sonoro - que o Governo chegou a indicar como destino para o espólio do fado - para receber registos de privados e de organismos públicos. O musicólogo Rui Vieira Nery sublinha que o Estado deve ser o gestor e o garante inequívoco da “preservação de um património imaterial da cultura portuguesa”, assumindo “essa responsabilidade no essencial”,

O coleccionador chegou a pedir 1,249 milhões pelo acervo, que inclui registos até então desconhecidos ou dados como perdidos que remontam a 1904. Vieira Nery, que analisou a listagem deste “fundo muito importante” que urge “reintegrar no património português”, congratulou-se por saber que o acordo está ultimado. Quanto ao preço, “quanto mais vantajoso para o Estado português, melhor para todos nós”, disse. Os custos serão divididos pela autarquia e pela tutela - há ainda um mecenas não identificado.