Lars von Trier, o anticristo­

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Misógino ou não, eis a questão

Há um filme novo de Lars von Trier - "Antichrist", a operação choque e pavor do último Festival de Cannes - e lá vamos nós outra vez. A dias da estreia no Reino Unido, os jornais britânicos atiraram o realizador para o divã e voltaram a querer saber que bicho lhe mordeu na infância para ele ser incapaz de fazer um filme em que as personagens femininas não sejam massacradas sem misericórdia (no caso de "Antichrist": violência sexual, mutilação genital, morte).

Num artigo intitulado "Antichrist or just anti-women?", o "Daily Telegraph", por exemplo, reviu alguma da filmografia de von Trier (casos de estudo: a Emily Watson que se prostitui até à morte de "Ondas de Paixão", a Björk cega e condenada à forca de "Dancer in the Dark" e a Nicole Kidman comunitariamente violada de "Dogville") e comparou os métodos com outros cineastas, digamos, suspeitos, lembrando como Hitchcock fechou Tippi Hedren num quarto escuro para fazer "Os Pássaros" e como David Lynch "humilhou" Isabella Rossellini em algumas cenas de "Veludo Azul". O "Times", por seu lado, questiona qual será a verdadeira agenda de von Trier, enquanto o "Guardian" foi perguntar a várias mulheres o que acharam do filme. A resposta foi (mas não unanimemente): misógino. O cineasta continua a dizer que trata pior os homens do que as mulheres: "Os protagonistas masculinos dos meus filmes são basicamente idiotas que não percebem nada, enquanto as mulheres são muito mais humanas, e muito mais reais. É com as mulheres que eu me identifico em todos os meus filmes, e especialmente com a rapariga deste 'Antichrist'".

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Há um filme novo de Lars von Trier - "Antichrist", a operação choque e pavor do último Festival de Cannes - e lá vamos nós outra vez. A dias da estreia no Reino Unido, os jornais britânicos atiraram o realizador para o divã e voltaram a querer saber que bicho lhe mordeu na infância para ele ser incapaz de fazer um filme em que as personagens femininas não sejam massacradas sem misericórdia (no caso de "Antichrist": violência sexual, mutilação genital, morte).

Num artigo intitulado "Antichrist or just anti-women?", o "Daily Telegraph", por exemplo, reviu alguma da filmografia de von Trier (casos de estudo: a Emily Watson que se prostitui até à morte de "Ondas de Paixão", a Björk cega e condenada à forca de "Dancer in the Dark" e a Nicole Kidman comunitariamente violada de "Dogville") e comparou os métodos com outros cineastas, digamos, suspeitos, lembrando como Hitchcock fechou Tippi Hedren num quarto escuro para fazer "Os Pássaros" e como David Lynch "humilhou" Isabella Rossellini em algumas cenas de "Veludo Azul". O "Times", por seu lado, questiona qual será a verdadeira agenda de von Trier, enquanto o "Guardian" foi perguntar a várias mulheres o que acharam do filme. A resposta foi (mas não unanimemente): misógino. O cineasta continua a dizer que trata pior os homens do que as mulheres: "Os protagonistas masculinos dos meus filmes são basicamente idiotas que não percebem nada, enquanto as mulheres são muito mais humanas, e muito mais reais. É com as mulheres que eu me identifico em todos os meus filmes, e especialmente com a rapariga deste 'Antichrist'".