Detectado o objecto mais longínquo do Universo através de explosão de raios gama

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Os cientistas esperam com este método olhar para o nascimento das primeiras estrelas ESO

Na manhã de 23 de Abril, o telescópio espacial Swift observou uma explosão na constelação de Leão que rapidamente foi seguida também pelos telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO) no Chile, o ESO/MPG e o Very Large Telescope (VLT). Através da leitura de infravermelhos, o VLT conseguiu calcular a distância e a idade do objecto que produziu a explosão, devido ao fenómeno chamado desvio para o vermelho.

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Na manhã de 23 de Abril, o telescópio espacial Swift observou uma explosão na constelação de Leão que rapidamente foi seguida também pelos telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO) no Chile, o ESO/MPG e o Very Large Telescope (VLT). Através da leitura de infravermelhos, o VLT conseguiu calcular a distância e a idade do objecto que produziu a explosão, devido ao fenómeno chamado desvio para o vermelho.

A luz comporta-se como uma onda que pode ser mais ou menos energética. Na zona do espectro da luz visível ao olho humano, as ondas menos energéticas e mais compridas transmitem a cor vermelha. Ao viajar pelo espaço, o comprimento de onda que a luz emite tende a tornar-se cada vez menos energético, devido à expansão contínua do Universo. Quanto maior for a distância atravessada pela luz, maior vai ser este desvio.

“Descobrimos que a luz vinda da explosão foi consideravelmente esticada, ou desviada para o vermelho, pela expansão do Universo”, disse em comunicado Nial Tanvir, o líder da equipa que fez as observações do VLT. “Com um desvio para o vermelho de 8,2, esta é a explosão de raios gama mais remota que alguma vez foi detectada, e também o objecto mais distante alguma vez descoberto.”

A luz viaja a uma velocidade finita. Quando observamos uma estrela que está a um ano-luz de distância, a imagem que temos dela aconteceu há um ano. Se ajustarmos as lentes dos telescópios para estrelas ou galáxias ainda mais distantes, acabamos por olhar para o passado do Universo.

A nova explosão, denominada GRB 090423, aconteceu 600 milhões de anos depois do início do Universo, com o Big Bang — há 13.700 milhões de anos. As primeiras estrelas estavam a formar-se e o tamanho do espaço seria uma pequena parte do que é agora.

“A descoberta prova a importância das explosões de raios gama na procura das regiões mais distantes do Universo”, disse Tanvir. “Podemos agora estar confiantes que explosões ainda mais remotas serão encontradas, o que vai abrir portas para estudar a primeiríssima estrela e, em última análise, o fim da idade das trevas do Universo”, disse o investigador, referindo-se ao período em que o Universo era demasiado novo para formar estrelas e a luz que emitia não seria captada por um telescópio. Calcula-se que as primeiras estrelas só se formaram quando o Universo tinha entre 200 e 400 milhões de anos.

O anterior objecto mais afastado no espaço é a galáxia I0K-1 descoberta em 2006, que está a 12.880 milhões de anos-luz de distância.