Gás hilariante atinge elenco de "Watchmen"

Foto

Seja porque há uma personagem chamada "O Comediante", seja as entrevistas decorreram horas antes da ante-estreia britânica de "Watchmen", a verdade é que o elenco do filme estava dado à piada na semana passada, em Londres. Exemplo: Billy Crudup, aliás Dr. Manhattan, está nu em grande parte do filme. É tudo efeitos especiais, garante. Mas quando lhe perguntam qual foi a parte do filme que mais teve pena que ficasse de fora após a montagem, levantou a mão e deixou um espaço generoso entre o indicador e o polegar, e respondeu: "Um bocadinho assim. Boa noite, obrigada" (risos).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Seja porque há uma personagem chamada "O Comediante", seja as entrevistas decorreram horas antes da ante-estreia britânica de "Watchmen", a verdade é que o elenco do filme estava dado à piada na semana passada, em Londres. Exemplo: Billy Crudup, aliás Dr. Manhattan, está nu em grande parte do filme. É tudo efeitos especiais, garante. Mas quando lhe perguntam qual foi a parte do filme que mais teve pena que ficasse de fora após a montagem, levantou a mão e deixou um espaço generoso entre o indicador e o polegar, e respondeu: "Um bocadinho assim. Boa noite, obrigada" (risos).

Crudup, recostado no sofá ao lado de Matthew Goode (o britânico que interpreta a personagem de Ozymandias), tinha já explicado que encarnar uma personagem que é um super-homem fruto de um acidente molecular e que basicamente não mostra emoções (nem se interessa pelas que tem) foi complicado. "O que é interessante para ele é a interacção das partículas. Por isso, pareceu-me que tinha de me focar nos interesses dele. E passei o meu tempo em cena a pensar noutras coisas", explicou. "Foi a primeira vez que isso compensou", disse, entre mais risos.

Goode, por seu turno, ficou aterrorizado quando um jornalista britânico lhe perguntou por que é que decidiu manter o seu sotaque "british" para encarnar o Guardião de moral duvidosa. Depois de franzir os olhos em sinal de dúvida, perguntou: "Viu o filme?". A resposta foi positiva. "Oh meu Deus, claramente não me saí muito bem", riu-se, preocupado com o efeito do sotaque meio americano, meio alemão, que tentou criar. Mas como o efeito do gás hilariante (talvez o Smilex do Joker de "Batman") não passou, o mais divertido, e talvez mais cansado e por isso mais descontraído da sessão de entrevistas no Soho era mesmo Jeffrey Dean Morgan, popular junto do público de "Anatomia de Grey".

A sua personagem, o possante Comediante, carregado de testosterona, não tem um início auspicioso no filme. Para quem leu a novela gráfica de Alan Moore e Dave Gibbons, o seu destino já é conhecido. Quanto aos espectadores que não querem saber o que acontece nos primeiros minutos de "Watchmen", de Zach Snyder, é melhor não lerem as linhas abaixo.

O Comediante é a primeira vítima, fatal, dos crimes que desencadeiam a narrativa de "Watchmen". Para o actor de "Anatomia de Grey", a quem o seu agente tinha enviado o guião mas que já conhecia o livro, saber que a personagem para a qual o queriam era O Comediante, foi destabilizador. "Liguei ao meu agente: ‘Que raio, isto é uma piada? [Morro na] página 2?' E ele informou-me de que talvez devesse continuar a ler. E ainda bem que o fiz", disse sorridente. "Mas sim, estou morto e para mim aparentemente não há nada a fazer. Por mais que gostasse de continuar, não vou chegar ao final do filme", disse, entre gargalhadas.

No filme (e na novela gráfica), o Comediante é autor de um acto brutal para uma das colegas de equipa mascaradas - uma tentativa de violação. "Penso que muitos dos fãs de Anatomia de Grey vão odiar-me para sempre", disse Morgan, consciente de que ambos os grupos de fãs são "um bocado loucos". 

Igualmente desarranjado é o Comediante, cuja caracterização no filme é menos crua do que a desenhada por Dave Gibbons em 1986. Ainda assim, Morgan queria que a sua máscara e maquilhagem fosse mais próxima da do livro. A cicatriz facial, por exemplo, "queria que fosse mais extrema e feia" e "isso teria trazido todo um outro nível de psicose à personagem", comentou. Bem como a máscara sado-masoquista da personagem, que também gostava de ter transposto para o filme. "Em algumas coisas o meu contributo não interessava", constatou junto dos jornalistas, "Eu sei que é difícil de acreditar", disse, rebentando novamente a rir.